Governo não consegue gastar dez minutos para fechar conta, diz economista
O governo Lula bate cabeça e erra mais uma vez ao anunciar medidas para tentar cortar gastos, afirmou o economista Teco Medina em entrevista ao UOL News hoje.
Ontem, o governo anunciou um decreto para aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Horas depois, diante da repercussão negativa, foi convocada uma reunião de emergência para anunciar o recuo em parte destas medidas.
É uma arrecadação muito forte. Estamos falando de R$ 20 bilhões neste ano, e há quem estime em R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões em dois anos. Sem dúvida, é uma fonte de arrecadação brutal que o governo está atrás para tentar fechar as contas.
Na partida, você encarece o crédito para as empresas quando a taxa Selic está em 15%. Como se quer que as empresas produzam, façam projetos e expandam ofertas encarecendo o crédito? De certa maneira, esfria-se a economia e a vida das empresas piorará muito. Aí as grandes empresas tentam buscar recursos lá fora e se coloca tarifa nisso também.
Ontem, uma canetada acabou com vários negócios. São decisões ruins, mas a pior delas é o crédito das empresas, que torna o dinheiro mais caro quando ele já está no patamar mais alto nos últimos vinte anos. Isso é horrível para uma economia que precisa crescer a partir da oferta. O que estamos colhendo é inflação e juros mais altos e, lá na frente, uma estagnação da economia.
A razão central de essas decisões serem tomadas é por haver uma conta que simplesmente não tem como fechar e o governo não consegue gastar dez minutos e pensar no que pode fazer para cortar um pouco de gasto e fazê-la fechar. Teco Medina, economista
Medina criticou o governo federal por não aprender com o erro cometido em outro anúncio de medidas econômicas e que lhe rendeu uma série de críticas.
De novo, o governo perde a chance de, com um anúncio bom, fazer uma omelete com os ovos que iria anunciar. Era um contingenciamento maior do que o esperado e que daria um interesse de perseguir o déficit zero. Mas assim como na história do imposto de renda lá atrás, misturam-se os assuntos. Você dá uma notícia ótima, mas 42 péssimas. Não para entender por que fazer isso de novo e cometer o mesmo erro tão simples duas vezes.
Há muitos técnicos e muita gente boa na Fazenda. Como é que se solta uma série de medidas às 18h e, às 20h, vê-se surpreendida pela reação dos mercados lá fora a ponto de revogar duas medidas horas depois? Parece algo muito improvisado, ruim.
Na imensa maioria, as medidas são ruins, mas o problema central é o governo aumentar o gasto absurdamente, não quer cortar nada e fazer tudo ao mesmo tempo. Não tem dinheiro e começa a buscar recursos das maneiras mais estapafúrdias do mundo, como nesse caso do IOF que é uma tragédia para tudo e todos.
Não há nada de positivo em qualquer uma das medidas anunciadas. Há coisas inacreditáveis que foram colocadas em prática. Teco Medina, economista
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