O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve levar a Lula nova proposta de compensação ao fim da isenção do IOF. No Mercado Aberto, Amanda Klein destacou que ninguém no Congresso quer bancar cortes de gastos.
Ontem, Hugo Mota expressou sentimento ao dizer que não há compromisso do Congresso em aprovar a MP do governo com pacote alternativo ao IOF e, ao que tudo indica, haverá muita resistência dos setores afetados. Difícil imaginar que o pacote da Fazenda, para aumentar a arrecadação por meio de uma nova rodada de elevação de impostos, fique como está.
A medida provisória para taxar em 5% LCAs e LCIs gerou forte repercussão nos setores imobiliário e agro, sob o argumento de que esses instrumentos de financiamento são fundamentais. O resultado, segundo associações e entidades setoriais, será o encarecimento do crédito habitacional e rural.
As fintechs, que também foram alvejadas, igualmente disseram que a maior tributação significará crédito mais caro na ponta para o consumidor e para as empresas. Já as bets responderam que já pagam impostos pesadíssimos e isso vai fortalecer o mercado ilegal de apostas. Quase ninguém está feliz.
Amanda Klein
A Fazenda recuou no IOF, mas manteve a estratégia de ajuste pelo lado da receita, observa Amanda Klein. Segundo a apresentadora apurou, o ministério agora mira serviços financeiros e tenta negociar medidas estruturais, como mudanças no Fundeb e no o ao BPC.
O Ministério da Fazenda mudou o alvo, mas não a estratégia do ajuste fiscal que continua sendo pelo lado da receita. Trocou a tributação pesada sobre o IOF por outra mais pulverizada, que mira vários serviços financeiros, aplicações e gerou a grita de setores poderosos como o agro e o imobiliário.
O debate de ajuste mais estrutural até foi colocado sobre a mesa, mas por enquanto sem nenhuma proposta específica do governo. A Fazenda apresentou uma planilha mostrando que os gastos com BPC e Fundeb, por exemplo, são insustentáveis.
O que o ministro Haddad quer, segundo o secretário da Fazenda com quem conversei ontem, é colocar uma escadinha mais leve, com mais tempo, para a contribuição do Fundeb, que chegará a 23% no ano que vem, e instituir regras mais rígidas para ter o ao BPC.
Amanda Klein
Para a apresentadora, a avaliação política sobre o ajuste fiscal divide tanto a esquerda quanto a direita e ajuda a explicar a paralisia nas decisões do governo.
Segundo líderes da direita à esquerda com quem eu falei, é difícil que qualquer coisa nesse sentido avance. Na visão da direita, o ajuste fiscal tenderia a melhorar as perspectivas econômicas e facilitar a vitória de Lula no ano que vem. Já na visão da esquerda, é exatamente o contrário. Ajuste fiscal é impopular e pode atrapalhar a reeleição. Embora diametralmente opostas, ambas perspectivas geram um ime. Nesse caso, melhor ficar parado.
Amanda Klein
O Mercado Aberto vai ao ar de segunda a sexta-feira no UOL às 8h, com apresentação de Amanda Klein, antecipando os principais movimentos do mercado financeiro.
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