Violência, injustiça e redenção: saga de Billy the Kid chega ao Brasil

Billy the Kid foi um famoso fora da lei do Velho Oeste, conhecido por sua vida curta, porém marcante. Nascido Henry McCarty (1859-1881), ele se tornou lendário por sua participação na Guerra do Condado de Lincoln, no Novo México, onde lutou ao lado de fazendeiros contra poderosos interesses comerciais.
Apesar de sua reputação como pistoleiro habilidoso e fugitivo audaz — escapou da prisão após ser condenado à forca —, muitos o viam como um produto de seu tempo, um jovem que reagiu às injustiças da fronteira americana. Sua morte precoce, aos 21 anos, baleado pelo xerife Pat Garrett, transformou-o em lenda, inspirando filmes, livros e, agora, a série "Billy the Kid", do MGM+.
Protagonizada por Tom Blyth (o jovem Snow em "Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes"), a produção narra a saga em oito episódios de uma hora por temporada. Criada por Michael Hirst ("Vikings", "The Tudors"), a série já é a segunda original mais assistida na história do streaming MGM+. No Brasil, as duas primeiras temporadas chegam hoje ao catálogo.
Em entrevista exclusiva a Splash, Blyth falou sobre o sucesso internacional da trama, sua preparação intensa e por que a história ressoa até no Brasil.
É uma história de sonho, de família buscando uma vida melhor - algo que todos, em qualquer cultura, entendem.
Tom Blyth
Apesar do cenário centrado no Velho Oeste, Blyth acredita no apelo global da narrativa. "Quando filmava na Polônia, vi pôsteres de Billy the Kid por toda parte. No Brasil, onde a cultura cowboy é forte, acho que vai gerar ainda mais interesse". A comparação do ator pode ser feita com figuras como Lampião.
Para ele, a trama vai além do mito. "É uma história de imigrante irlandês no século XIX, lutando por sobrevivência. Não quer riqueza — só dignidade. Esse desejo é universal".
Pesquisa e "viagem no tempo"
O ator mergulhou no universo de Billy: leu livros, visitou cidades históricas no Novo México e até o túmulo da mãe do fora da lei, onde fãs ainda deixam oferendas. "Andar nas mesmas ruas onde ele viveu me deu a sensação real de quem ele foi", conta.
Questionado se sente o peso de redefinir o legado de Billy, Blyth é categórico. "Não se trata de torná-lo herói ou vilão, mas mostrar suas contradições. Ele era um homem real, não só uma lenda".
Para ele, a autenticidade da produção o ajudou a entrar no clima. "Filmamos em cidades reais, com cavalos e armas de verdade. Até fazemos nossas próprias cenas de ação, o que os fãs adoram".
Blyth revela que guardou lembranças especiais das filmagens. "Tenho uma faca que Billy usa na 2ª temporada — a equipe de adereços me deu — e o violão destruído na 1ª temporada emoldurados na minha parede". Ele ainda brincou: "Quem dera eu pudesse ter levado um dos cavalos da série para casa!"
Carreira
Com Billy the Kid e o Presidente Snow em seu currículo, Blyth falou sobre sua atração por papéis que fogem dos clichês. "O mais importante é a complexidade. Busco personagens que não sejam unidimensionais — nem bons, nem maus, nem felizes, nem tristes. Eles precisam ter camadas, como todos nós", explicou Blyth. "Billy the Kid é um exemplo, mas também Coriolanus Snow em 'Jogos Vorazes'. São figuras imperfeitas, e é essa humanidade que me fascina."
O ator destacou que seu interesse está na psicologia por trás das ações: "Quero entender pessoas que, se encontrasse na rua, talvez não compreendesse. O desafio é explorar essas mentes cheias de contradições."