Samir Xaud é o novo presidente da CBF em eleição esvaziada por clubes
A eleição de Samir Xaud como presidente da CBF foi marcada pelo esvaziamento dos clubes de elite. Em troca, houve presença de familiares dos novos cartolas e times de divisões mais baixas.
O dirigente foi eleito diante da presença de 46 eleitores, sendo 26 federações e 20 clubes — sendo 10 da Série A e 10 da série B. O total do corpo eleitoral era 67 membros, que, há dois meses, aclamaram Ednaldo Rodrigues por unanimidade.
Entre as federações, só a Federação Paulista, de Reinaldo Carneiro Bastos, se ausentou.
Os clubes da Série A que vieram: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Ceará, Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras, Santos, Vasco e Vitória.
Os clubes da Série B que apareceram: Amazonas, Athletic, Avaí, CRB, Criciúma, Operário, Paysandu, Remo, Vila Nova, Volta Redonda.
Santos e Cruzeiro tinham prometido boicote junto a outros clubes, mas acabaram comparecendo.
Mas isso não quer dizer que tenham votado em Samir, já que houve 103 dos 108 votos possíveis.
O movimento dos clubes
O esvaziamento da eleição por clubes ocorreu por uma fratura durante o processo eleitoral. Os clubes queriam maior protagonismo no pleito e 29 deles lançaram o candidato Reinaldo Carneiro Bastos, que não pode ser inscrito por falta de apoio de federações.
Assim, 21 clubes am um manifesto dizendo que não iriam à eleição. Entre eles, Flamengo, Fluminense, Cruzeiro, Corinthians, São Paulo e Santos.
Desta vez, a protagonista foi a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que apoiou Xaud e não quis nem participar da reunião de clubes para questionar o processo eleitoral.
"Eu não fui contra os clubes. Vocês viram que tudo isso que eu falei, que esses pontos, essas pautas, estavam no manifesto dos clubes. Eu concordo, porque eu não quis esse manifesto. Por quê? O presidente não tinha sido eleito ainda, ele não tomou posse. Como é que eu começo com exigências? Isso não é momento de exigências, é um momento de conversar, é um momento de nos entendermos. O Samir, que vai ser eleito hoje, ele se mostrou extremamente aberto a conversar sobre esses temas com os clubes", disse a dirigente alviverde.
Houve presença dos CEOs do Botafogo e Vasco na eleição, Thairo Arruda e Carlos Amodeo. Não estavam o presidente vascaíno, Pedrinho. Também estiveram na CBF dirigentes do Ceará, entre os times da Série A.
Sem metade dos clubes de elite, a CBF contou com novatos: havia um cartola do clube Baré, da primeira divisão de Roraima. E uma série de parentes de dirigentes da nova cúpula da CBF.
Ou seja, se faltaram clubes de elite, sobrava gente no auditório da CBF. Tanto que a imprensa não pode assistir ao pleito como na eleição anterior.
Sobre a ausência dos clubes, o novo vice da CBF Ricardo Paul reconheceu que há uma questão para ser resolvida.
"Eu vim de clube, então eu entendo a posição deles. Os clubes foram muito cobrados naquela primeira reunião que foi o Unânime (eleição de Ednaldo). Teve aquela questão do presidente do Sport que foi reclamar de um pênalti. Você não votou por unanimidade? Você não pode reclamar, que aliás é uma lógica perversa, mas aconteceu", analisou Paul. Mas ele espera que as fraturas sejam curadas a longo prazo.
"Então a gente tem que ter essa compreensão que o movimento dos clubes é legítimo. E, como a nossa proposta desse grupo é também muito verdadeira, no sentido de construir em conjunto. Eu não tenho dúvida que os clubes em breve vão estar sentados na mesa também, protagonizando junto conosco a mudança do futebol brasileiro. Esse protagonismo dos clubes é algo que nós também queremos e desejamos. Então, acho que com o tempo isso vai ser normalizado."