Lágrimas e PM marcam bastidores de acusação de xenofobia de jogador do SPFC
O lateral Miguel Navarro, do Talleres, não chorou apenas em campo após acusar Bobadilla de xenofobia, mas também nos depoimentos que prestou à polícia ainda no Morumbis. A PM entrou no vestiário do São Paulo em busca do paraguaio, mas não o encontrou no local.
O que aconteceu
O primeiro depoimento de Navarro ocorreu cerca de 20 minutos após o fim da partida, em meio à coletiva do técnico Mariano Levisman. O jogador se dirigiu ao posto policial do estádio e, depois de cerca de 10 minutos, foi encaminhado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal).
Foi somente após o primeiro depoimento, e acusação formal, que a Polícia foi ao vestiário do São Paulo procurar por Bobadilla. O UOL ouviu que não só o paraguaio, mas também outros atletas já tinham deixado o estádio em virtude da folga concedida para o dia seguinte.
A Polícia chegou até a porta do vestiário e perguntou por Bobadilla, mas foi informado pela segurança que o paraguaio havia ido embora. Ainda assim, a PM informou que precisaria entrar no local para averiguar, o que fez sem resistência do clube, e de fato não encontrou o volante.
Com o depoimento de Navarro em mãos, a Polícia vai chamar Bobadilla para depor, mas não há confirmação de datas. A tendência é que o paraguaio seja informado nesta quarta-feira. Questionado, o São Paulo afirmou até agora desconhecer qualquer informação oficial ou procedimento a ser seguido.
Navarro foi flagrado chorando copiosamente após seu segundo depoimento, no Jecrim. Depois de se recompor, o venezuelano foi até a zona mista para falar com a imprensa — antes, na saída do gramado, ele havia se recusado a dar mais detalhes e afirmado que só queria ir para casa.
O jogador do Talleres acusou Bobadilla de chamá-lo de "venezuelano morto de fome". No elenco do São Paulo, Nahuel Ferraresi, amigo próximo de Bobadilla, também é venezuelano. Navarro afirmou que tanto Ferraresi quanto Arboleda teriam ficado do lado dele ainda no gramado.
Depois do ocorrido em campo, o árbitro da partida orientou Bobadilla a descer para o vestiário logo após o apito final para evitar mais confusões. Ele ainda estava no vestiário quando os demais atletas desceram, mas não mais depois do depoimento, que ocorreu cerca de 20 minutos após o término do duelo.
Em coletiva, Zubeldía se irritou com uma pergunta sobre o tema, sob pretexto de que a equipe havia se classificado. Rafael e Sabino foram os jogadores escolhidos para a zona mista: o goleiro não quis falar por não ter os detalhes do ocorrido, enquanto Sabino contou como foi sua conversa com Navarro ainda no gramado, quando pediu ao jogador que "continuasse em campo por sua família que tinha orgulho dele".
O São Paulo optou por não se posicionar enquanto não tiver claro todos os detalhes e toda a apuração sobre o caso.