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Um dia na 12ª cidade mais violenta do mundo, onde o Brasil joga hoje

Calçadão Malecón 2000, em Guayaquil no Equador - Eder Traskini/UOL
Calçadão Malecón 2000, em Guayaquil no Equador Imagem: Eder Traskini/UOL
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Do UOL, em Guayaquil (EQU)

05/06/2025 05h30

Era perto das 11h quando peguei minha credencial em um hotel a duas quadras de onde me hospedo em Guayaquil, onde o Brasil joga hoje contra o Equador. Quando deixei o local, olhei mais adiante na avenida e vi um caminhão do exército. Estava vazio.

Instintivamente, olhei ao redor procurando os soldados e não demorei a encontrá-los. Três estavam na primeira faixa da avenida, protegendo um bloqueio em frente a um hotel. Outros três estavam do outro lado da avenida relativamente larga do bairro Malecón. Todos fortemente armados.

Andando pela rua, uma senhora notou minha surpresa e me explicou: ali estava o presidente, o que era bom, pois significava que o local estava mais seguro do que de costume. Ela me indicou um restaurante para almoçar e, na mesma frase, pediu três vezes para que eu tomasse cuidado se fosse a pé.

O restaurante ficava a uma quadra de distância do local onde o exército estava a postos. A rua do estabelecimento é turística e contava com mais agentes, seguranças, tendas e até cachorros da polícia em um parquinho infantil.

Guayaquil - Eder Traskini/UOL - Eder Traskini/UOL
Policiais e seguranças estão espalhados por Guayaquil, no Equador
Imagem: Eder Traskini/UOL

O parque Malecón 2000, do outro lado de tal avenida, é famoso em Guayaquil: um calçadão grande com vista para as águas do rio Guayas repleto de comércios e restaurantes. É como se fosse uma orla, mas sem a praia. Grades altas contornam toda sua grandiosa extensão, com algumas entradas: todas elas guardadas por um segurança e um policial. Dentro do local, placas avisam sobre tudo estar sendo filmado para "sua própria segurança".

"A violência aumentou há dois anos pela instabilidade no governo. Isso fez crescer os 'GDO', Grupos de Delinquência Organizada, que já são mais de 34. Eles se apoderaram de setores mais frágeis e pobres da sociedade e exigem dinheiro", contou Justin Borbor, jornalista local.

Segundo um levantamento da ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, Guayaquil é a 12ª cidade mais violenta do mundo. Foram 2.478 homicídios, uma taxa de 73 mortes por 100 mil habitantes.

Ter seguranças armados é praxe em quase todo lugar para o qual se vai. O próprio hotel onde me hospedei dispõe de um na recepção, bem como o minimercado mais próximo. Para entrar em um shopping, por exemplo, é necessário ar por revista com detector de metais. O mesmo vale para o aeroporto, não importa se você só está indo esperar por algum parente que está chegando de viagem.

"A verdade é que o narcotráfico tomou a cidade. Sempre houve, mas depois da pandemia eles saíram das zonas mais pobres e entraram em toda a cidade", disse José Carlos Vasquez, outro jornalista equatoriano. Logo depois, fez o alerta: não ande falando no celular pelas ruas.

O próprio estádio Monumental Isidro Romero Carbo fica em uma região considerada bastante perigosa. Jornalistas que foram ao local na véspera do treino do Brasil encontraram os portões fechados e tiveram que gravar em frente ao portão, mas foram logo alertados pelos seguranças: "Gravem aqui do lado da guarita e depois vão embora".

A própria organização da partida vai ceder ônibus especiais para jornalistas para chegarem ao estádio no dia. A orientação da federação equatoriana é de, por segurança, utilizar tais transportes.

O prefeito Aquiles Álvarez denunciou atentados com explosivos ocorridos na madrugada de ontem em uma bairro próximo, La Bahía.

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