Suspensão do cronograma do novo ensino médio: entenda o que acontece agora

Uma portaria publicada hoje pelo Ministério da Educação suspendeu por 60 dias a implementação do cronograma do novo ensino médio. Veja o que acontece agora:
Sem mudança para os estudantes
Mesmo com a publicação da portaria, a rotina dos estudantes não será alterada. Ou seja, alunos que já estão no modelo do novo ensino médio não voltam para o antigo.
"O que está suspenso é a portaria de implementação do cronograma de implementação do novo ensino médio, mais especificamente o Enem. Porque o segundo ano letivo já está em curso. Isso vai se manter em 2023", afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana.
Como fica o Enem?
A prova deste ano já não aria por nenhuma alteração —mesmo antes da decisão de suspender o cronograma de implementação da reforma.
Já a nova estrutura para o Enem 2024 fica suspensa por 60 dias. Para alinhar a prova ao novo ensino médio, novas questões teriam de ser produzidas —inclusive o formato, como discursivas.
Segundo o ministro, a ideia é ampliar a discussão. "O ideal é que em um processo democrático a gente possa escutar a todos e principalmente quem está na ponta", disse Camilo.
Por que aconteceu a suspensão?
Camilo alega que não houve diálogo no processo de aprovação e implementação do novo ensino médio. A reforma foi aprovada em 2017 durante o governo Temer (MDB) por uma medida provisória.
A justificativa do atual ministro é que, com uma consulta pública aberta sobre o tema, é preciso analisar os problemas da reforma —e, assim, tomar uma decisão definitiva.
O que mudou com o novo ensino médio
A carga aumentou de 2,4 mil horas para 3 mil nos três anos. Deste total, 1,8 mil horas devem ser dedicadas para formação geral, que são os conteúdos obrigatórios. As outras 1,2 mil horas são a "parte flexível".
Os itinerários formativos, que são a parte flexível do currículo escolar, têm sido os principais alvos dos debates. Nessas aulas, as redes de ensino podem oferecer temas diferentes —por exemplo, "como fazer brigadeiro caseiro".
O modelo aumenta desigualdades, segundo especialistas que criticam a mudança. Quem estuda em colégio particular pode ter mais opções do que alunos da pública.