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CBA compra fatias em eólicas da Auren e Casa dos Ventos para crescer

23/05/2025 10h51

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) -A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) anunciou nesta sexta-feira que assinou acordos para comprar participações em ativos de autoprodução de energia eólica da Casa dos Ventos e da Auren Energia, no valor total de R$158 milhões.

As transações visam ar o plano de crescimento da empresa, que consome grandes quantidades de eletricidade em seu processo produtivo, e também repor um contrato de energia que vai se encerrar em 2028, explicou o presidente-executivo da CBA, Luciano Alves.

Os acordos assinados, que ainda precisam de aprovações como a do órgão antitruste Cade, preveem ao todo o fornecimento de 115 megawatts médios (MWm) de energia para uma usina de alumínio da CBA em São Paulo. O suprimento virá de dois parques eólicos no Rio Grande do Norte, o complexo Serra do Tigre, da Casa dos Ventos, com 60 MWm, e o Cajuína lll, da Auren, com mais 55 MWm.

A CBA, empresa de alumínio do grupo Votorantim, que também é controlador da Auren, tem um consumo de energia de 700 a 750 MWm, suprido principalmente por um parque gerador composto por usinas hidrelétricas sob controle integral do grupo ou de consórcios dos quais participa.

Além disso, a CBA tem mais cerca de 160 MWm em contratos de energia no portfólio, em estratégia que serve por exemplo para compensar a sazonalidade da produção de suas hidrelétricas, explicou Alves.

"Nós temos um contrato de energia de mais ou menos uns 100 MWm que vence em 2028. Então, parte dessa contratação também tem a ver com isso".

A CBA entrará como sócia nos ativos, se enquadrando assim como uma autoprodutora de energia. Nesse arranjo, que se tornou o principal impulsionador do crescimento do parque gerador brasileiro nos últimos anos, o consumidor da energia compra participações e investe em uma usina junto com a companhia elétrica. Com isso, garante incentivos que reduzem custos com o insumo, como isenção do pagamento de encargos.

"Entramos como sócios, participamos obviamente dos investimentos e, claro, para garantir o retorno deste projeto, a gente tem um contrato de longo prazo da energia... Fica uma equação que é interessante para as duas partes", afirmou o presidente da CBA.

Uma medida provisória publicada nesta semana para o setor de energia mudou as regras para a autoprodução, com o objetivo de coibir práticas que o governo considera "oportunistas" nesse mercado. O texto impôs, por exemplo, que o consumidor deve ter uma demanda agregada mínima de 30 MW para poder se classificar como autoprodutor, o que deve restringir o uso dessa modalidade por empresas menores.

Para a CBA, os novos acordos de autoprodução de energia ajudarão a fazer frente ao crescimento projetado de sua produção, com previsão de religamento de uma sala-forno.

"A nossa expectativa é de que a gente conseguiria ter no futuro um volume (de produção) superior a 600 mil toneladas/ano aproximadamente no final da década... Com esse crescimento de 50 mil toneladas vindo do alumínio líquido, mais o restante vindo de adicional de sucata ou de reciclagem no nosso portfólio".

Já para a Casa dos Ventos, a parceria com a CBA é relevante para a viabilização do complexo Serra do Tigre, com 756 MW de capacidade instalada, disse o diretor-executivo da geradora renovável, Lucas Araripe.

"O acordo comprova a competitividade das nossas soluções, ao o que contribui para a redução de emissões de um dos maiores consumidores de energia do Brasil", afirmou o executivo.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)

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