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Brasol investe até R$2 bi em 2025 para crescer em solar e diversificar negócios

04/06/2025 15h50

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A Brasol, empresa de energia que tem Siemens e BlackRock como principais acionistas, prevê investir até R$2 bilhões neste ano para ampliar os negócios de geração distribuída solar e também diversificar seu portfólio de soluções aos clientes, com projetos privados de linhas e subestações de energia e de baterias.

A aposta em novas frentes pela Brasol, que cresceu fornecendo sistemas solares para empresas e plataformas de energia por , está associada à demanda urgente do sistema elétrico brasileiro por investimentos em rede, após forte crescimento da geração renovável no país nos últimos anos.

"Tanto a unidade de subestações quanto a de baterias são soluções para endereçar exatamente o problema de rede, o gargalo de transmissão e distribuição de energia, e trazer autonomia, economia e sustentabilidade para nossos clientes", afirmou à Reuters o CEO, Ty Eldridge.

Segundo o executivo, a Brasol tem a meta de investir cerca de R$2 bilhões em 2025, depois de ter executado cerca de R$900 milhões no ano ado.

"Vamos dobrar (o volume de investimentos) este ano, e vemos que conseguimos continuar dobrando por mais uns anos", acrescentou.

Um dos principais focos da empresa agora está em soluções associadas às redes elétricas, mas do lado privado, junto aos consumidores, sem entrar nos serviços regulados de transmissão e distribuição de energia.

"Lançamos uma unidade para construir linhas e subestações para ajudar indústrias e fazendas a ar a rede, em locais onde a distribuidora não quer trazer a linha ou até pode fazer, mas só daqui vários anos. Se o consumidor quer aumentar a carga, quer melhorar a qualidade (do fornecimento de energia), a gente está entrando para financiar essa solução", afirmou o CEO.

A empresa opera no modelo "as a service", ficando responsável por investimento, obra e operação da subestação, que depois é alugada ao consumidor pelo longo prazo, explicou Rafael Brasiliense, diretor comercial e de marketing.

Ao todo, já são 50 potenciais negócios do tipo na carteira da Brasol. Cinco projetos já estão em execução, em clientes de diferentes ramos, como indústria têxtil e agronegócio.

"(A rede) é um dos grandes gargalos ali na região do Matopiba (fronteira agrícola), nessa região o gargalo é de disponibilidade energética para poder fazer irrigação", observou Brasiliense, ao comentar sobre os interessados.

Outra frente que a Brasol tem concentrado esforços é nos sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS, na sigla em inglês), em aplicação em indústrias e no agronegócio. A empresa também estuda projetos para o leilão anunciado pelo governo exclusivamente para contratar a tecnologia.

"As aplicações que vemos como mais econômicas hoje são as de 'load shifting': em vez de consumir energia da rede por algumas horas, quando a energia está mais cara, (o cliente) consome da bateria. Vemos que é viável em 15 concessionárias do país", disse Eldridge.

Os projetos de baterias também são feitos "as a service", sem necessidade de aporte financeiro inicial pelo cliente. A estratégia está focada em empresas comerciais e industriais, além do segmento agropecuário, no qual já se observa demanda crescente por soluções de armazenamento.

O leilão exclusivo para baterias prometido pelo Ministério de Minas e Energia será importante para efetivamente escalar esse mercado no Brasil, avaliaram os executivos da Brasol. As preocupações no momento são com uma demanda inicial suficiente por parte do governo para "fechar a conta" dos primeiros projetos, além de um arcabouço regulatório para permitir novos investimentos na área.

SATURAÇÃO NA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA SOLAR

A Brasol também continuará crescendo seus negócios em geração distribuída solar, mas já enxerga certa saturação do mercado, com novos projetos "greenfield" se tornando inviáveis à medida que as tarifas aumentam progressivamente conforme o marco regulatório para o segmento.

"Temos projetos que vão conectar em 2026, 2027. Tem coisa que ainda vai ser construída, mas é bem pouco... Acho que a gente chegou na saturação por enquanto", afirmou Eldridge, que trabalha na área de geração distribuída há 15 anos, tendo acompanhado o amadurecimento de outros mercados como o Japão.

Os pequenos sistemas distribuídos já somam mais de 55 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil e foram responsáveis por alavancar a energia solar à segunda principal fonte da matriz elétrica brasileira.

A Brasol tem cerca de 210 megawatts-pico (MWp) em usinas solares operacionais, e a meta é chegar ao final de 2025 com 500 MWp. A empresa continua analisando potenciais compras de projetos em operação, depois de fechar negócios junto a empresas que buscam desinvestir, como a Raízen.

A Brasol também possui unidades para atuar com outros serviços relacionados ao setor de energia, como operação e manutenção de ativos e oferta de carregadores para veículos elétricos, além de uma gestora de recursos, que lançou no ano ado um primeiro fundo imobiliário de cerca de R$400 milhões.

(Por Letícia Fucuchima)

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