Comissão Europeia recomenda adesão da Bulgária, país mais pobre do bloco, à zona do euro
A Comissão Europeia anunciou nesta quarta-feira (4) que a Bulgária cumpre os requisitos técnicos para adotar a moeda única em 1º de janeiro de 2026. O país de 6,4 milhões de habitantes localizado no leste europeu, o mais pobre do bloco, deve se tornar o 21º membro da zona do euro, três anos após a entrada da Croácia. A decisão formal será tomada em 8 de julho pelos ministros das Finanças da UE. O Banco Central Europeu (BCE) também emitiu hoje um parecer positivo sobre a adesão búlgara.
A Bulgária ou a integrar plenamente o espaço Schengen em primeiro de janeiro deste ano, o que permitiu a livre circulação de pessoas, tanto por vias terrestres quanto aéreas.
A partir de 1º de janeiro de 2026, os búlgaros poderão abandonar o lev, sua moeda nacional, em favor do euro.
Dezoito anos se aram desde a adesão do país à União Europeia, em 2007. Porém, somente agora a UE concluiu que a Bulgária está pronta para adotar a moeda única do bloco. Para isso, o país teve de cumprir uma série de condições, o que Bruxelas chama de "critérios de convergência".
Critérios
O primeiro desses critérios diz respeito à estabilidade de preços, que tem sido o maior desafio da Bulgária até o momento. Porém, após anos de fortes aumentos de preços, a inflação finalmente se estabilizou este ano em torno de 3%. O índice atingiu 2,7% nos últimos 12 meses, abaixo do valor de referência de 2,8%.
Bruxelas examinou outros dados: controle das finanças públicas, estabilidade cambial, estabilidade da taxa de juros e, em todos esses pontos, a Bulgária mostrou resultados satisfatórios. Com isso, a Comissão Europeia afirmou que o país está pronto para ingressar na zona do euro.
A adoção da moeda única é controversa no país. Os que são a favor da medida acreditam que o euro tornará a Bulgária mais competitiva e mais preparada para enfrentar crises econômicas. Vale ressaltar, também, que a moeda nacional já está atrelada ao euro com uma taxa de câmbio fixa. A entrada na zona do euro, portanto, não deve perturbar a economia.
Contudo, nos últimos dias, os opositores se tornaram mais expressivos. No fim de semana ado, milhares de pessoas saíram às ruas em resposta ao apelo da extrema direita para rejeitar a adoção do euro.
Debates acalorados na Bulgária
Para Romain Le Quiniou, diretor do think tank Eurocreative e especialista em Europa Central e Oriental, a notícia está gerando debates políticos acalorados no país. "O presidente Rumen Radev é contra essa adesão e já expressou isso publicamente. Vemos nas pesquisas que a população búlgara está amplamente dividida", analisa. "Portanto, trata-se realmente de um desejo da classe política de aderir ao euro, que não é necessariamente apoiado pela maioria da população", completa.
"A população está bastante hesitante e tem medo, especialmente em relação à inflação. Eles temem que a Bulgária não esteja pronta. E isso se baseia, acima de tudo, em dois fatores: o primeiro é a falta de confiança nas instituições e autoridades estatais e o segundo é que esse debate público é alimentado e reforçado por desinformação suspeita de ter origem na Rússia", diz o analista.
Os opositores da adesão à zona do euro temem a alta dos preços e o aumento da pobreza na Bulgária, que já é o país mais pobre da União Europeia. Segundo pesquisas recentes, quase metade dos búlgaros é a favor da manutenção da sua moeda.