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Lula pede que Macron 'abra coração' a Mercosul-UE, mas francês aponta risco

do UOL

Do UOL, em São Paulo

05/06/2025 08h26Atualizada em 05/06/2025 10h20

O presidente Lula (PT) cobrou do presidente francês Emmanuel Macron a do acordo entre a UE (União Europeia) e o Mercosul, em encontro hoje em Paris.

O que aconteceu

Lula disse que não deixará a presidência do Mercosul sem um acordo com a União Europeia. Ele pediu que o presidente francês "abra o coração" para que o acerto entre os blocos de países seja sacramentado.

A França se opõe ao acordo Mercosul-UE em "sua forma atual". Ontem, os profissionais do setor agrícola pressionaram e exigiram que Macron reafirme sua rejeição diante de Lula.

Ao lado do brasileiro, Macron disse que o acordo impõe risco a setores ses. "É bom para muitos setores, mas comporta riscos, porque países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação. É uma discrepância, não na competitividade e qualidade, mas na regulamentação", disse.

"Temos que melhorar, aprimorar o acordo, trabalhar para termos cláusulas de salvaguarda", destacou o francês. Macron defendeu protocolos adicionais. "Queremos mais comércio, mas devemos respeitar nossos agricultores e respeitar a coerência das nossas ambições. Se não de nada vale a Europa defender o clima, mas valeria fechar a indústria, comércio, agricultura, e o país importaria tudo e acabaria com os agricultores que não teriam mais mercado".

Lula rebateu Macron e disse que "não está difícil fazer o acordo". "É importante que os agricultores ses saibam que, possivelmente, a nossa agricultura seja complementar", afirmou. "O que não pode é um bloqueio. Vamos colocar eles para conversar com nossos agricultores".

Presidente brasileiro pediu ao francês para não permitir que europeus questionem redução do desmatamento brasileiro. "Não permita que nenhum país europeu coloque dúvida sobre a defesa que o Brasil faz para diminuir o desmatamento. Temos cinco biomas importantes e tratamos eles como se fossem nossa própria cama, queremos eles bem cuidados e preservados". Mas lembrou que se trata de um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

Conflitos internacionais

Lula se emocionou ao defender a Palestina e disse que Israel comete "genocídio premeditado" contra mulheres e crianças na Faixa de Gaza. O petista disse que palestinos não podem ser tratados como "cidadãos de segunda categoria". '"São seres humanos como todos nós. Estamos vendo um genocídio na nossa cara todo santo dia", criticou o petista.

Ele conclamou potências mundiais a darem "um basta" nos ataques de Israel ao povo palestino. "Não é possível a gente aceitar uma guerra que não existe e, sim, um genocídio premeditado. Um governante de extrema-direita está fazendo uma guerra, inclusive, contra os interesses do seu próprio povo. Porque, a Israel, ao povo judeu, também não interessa essa guerra. Interessa a paz."

Sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, Lula disse que os dois países precisam chegar a um acordo. "Já está mais do que provado a insanidade mental da guerra", afirmou. "O Brasil, desde o começo, se posicionou contra a guerra". O petista ressaltou que a ONU "está enfraquecida politicamente".

Macron adotou outro tom, com críticas direcionadas à Rússia. Segundo ele, "só há um país que recusa a paz". O francês defendeu que é preciso "aumentar a pressão sobre a Rússia para que se interrompa o conflito".

Integração Brasil-França

Presidente brasileiro detalhou projetos de integração e cooperação entre os dois países. "Estou convencido que Brasil e França precisam cada vez mais estarem juntos pela defesa da democracia, multilateralismo e livre comércio", disse Lula.

Macron disse que estará com Lula na COP-30. "Compartilhamos a mesma visão de um mundo aberto que respeite o clima e o comércio. Temos a mesma visão do mundo de humanismo", disse o presidente da França. Ele disse que a parceria entre os dois países engloba "grandes questões planetárias". "A crise climática está aí gritante, cada vez mais gente decidiu não falar mais disso. Isso está na declaração conjunta que assinamos agora".

"Somos dois países amazônicos e compartilhamos a mesma visão sobre a floresta", declarou Macron. "Compartilhamos a ideia de um mundo aberto em relação ao clima e ao comércio. Vamos lutar contra a mineração ilegal e contra o tráfico de seres humanos", disse Macron.

Encontro de Lula, Macron e suas delegações ocorreu no Palácio do Eliseu, sede do governo francês. Hoje o presidente brasileiro será homenageado na Academia sa e também se encontrará com a prefeita de Paris, Ane Hidalgo.

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