'Grupo é muito grande': como age quadrilha que matou engenheiro em SP
A Polícia Civil de São Paulo atribui a uma quadrilha especializada em invasões de residências o latrocínio do engenheiro Francisco Paulo de Sebe Filippo, morto dentro de casa na região dos Jardins, na noite da última quarta-feira (4).
Crime semelhante ocorreu em Pinheiros
Grupo já era investigado por outra invasão de residência, sem morte, em Pinheiros, em maio, segundo a Polícia Civil. Suspeitos teriam atuação articulada e fariam revezamento entre os participantes dos crimes.
O mesmo carro, um HB20 roubado, teria sido usado nos dois crimes. O veículo aparece tanto no assalto em Pinheiros quanto no latrocínio nos Jardins, segundo as investigações.
A diferença entre os crimes, afirmam os delegados, é que no caso do engenheiro, o episódio durou cerca de 10 minutos e a vítima foi executada. A polícia ainda investiga o que pode ter motivado os invasores a atirar contra o Francisco Filippo, na nuca.
Como age a quadrilha
Grupo atua com base em informações prévias sobre o alvo, diz polícia. Os criminosos escolhem cuidadosamente as casas e podem monitorar as rotinas das vítimas antes das invasões.
Invasão é feita com uso de controle clonado. Os assaltantes clonam o sinal do portão eletrônico para entrar nos imóveis sem levantar suspeitas.
Moradores são rendidos e mantidos sob ameaça. As vítimas são dominadas rapidamente após a entrada dos criminosos e obrigadas a colaborar com o roubo.
Assaltos incluem extorsão. Em alguns casos, como o de Pinheiros, as famílias foram mantidas sob controle por até 12 horas e forçadas a fazer transferências bancárias.
Quadrilha adota revezamento entre membros. Segundo a polícia, os integrantes se alternam nas ações, dificultando a identificação e o rastreio.
Esse grupo é muito grande. Eles vão trocando de componentes. Estamos apurando a participação deles em outros roubos a residências. Não só esse que, infelizmente, vitimou o engenheiro.
Delegado Sérgio Ricardo, titular da 2ª Delegacia do Patrimônio
Investigadores buscam descobrir o tamanho do grupo. "A gente conseguiu identificar, de um crime, um elemento; de outro crime, dois. Então, estamos tentando cruzar outras informações, imagens coletadas, para saber qual é o tamanho dessa quadrilha, quais são seus participantes e onde participaram", conclui o delegado Sergio Ricardo.
Relembre o caso
Criminosos entraram por volta das 19h20 de 4 de junho no imóvel, após clonarem o controle remoto do portão. No momento do crime, apenas Francisco Filippo estava presente e foi rendido por quatro homens.
Câmeras de segurança da casa foram desligadas antes do grupo entrar no local. "O vigilante não viu ninguém entrar. Ele estava chegando para trabalhar na hora", disse a delegada Ivalda Aleixo, do DHPP da Polícia Civil, em entrevista à TV Globo.
O engenheiro foi baleado na sala de jantar. De acordo com a polícia, não houve reação da vítima. Por isso, há uma investigação aberta para entender se a morte foi premeditada. Os criminosos ficaram oito minutos na casa, aproximadamente, segundo boletim de ocorrência.
Esposa da vítima chegou à residência minutos após o crime, quando os criminosos já tinham deixado o local. Ela estava com o filho do casal, de 5 anos.
Os ladrões fugiram em um HB20, localizado horas depois pela polícia em Moema, bairro da zona sul. Nenhum dos criminosos foi identificado e preso até o momento. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), dois celulares também foram apreendidos no local do crime.
O grupo levou joias do imóvel. O caso é investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) e pelo 15º D, da Polícia Civil e as autoridades ainda não informaram quais os valores dos bens roubados.
"Não há indícios de que ele tenha reagido. É possível que ele possa ter tentado fugir e os bandidos fizeram o disparo que o feriu fatalmente. Isso a perícia vai dizer." A fala é do delegado Thiago Delgado, titular da 1.ª Discat (Delegacia de Polícia de Investigações sobre Roubos e Latrocínios) sobre a morte de Filippo.
*Com colaboração de Ítalo Lo Re e Renata Okumura, da Agência Estado