EUA e China fecham acordo sobre 'marco geral' para resolver disputas comerciais
Negociadores de Estados Unidos e China anunciaram nesta terça-feira (10) que alcançaram um acordo sobre um "marco geral" para superar as divergências comerciais das duas maiores economias do mundo, após dois dias de conversas em Londres.
"Ambas as partes chegaram a um acordo de princípio sobre um marco geral [...] e apresentarão esse marco geral aos seus respectivos líderes", declarou o represante comercial chinês, Li Chenggang.
Por sua vez, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse que o acordo permitirá eliminar a preocupação do seu país em relação à aquisição de terras raras chinesas, que considera excessivamente restritas por Pequim.
Os Estados Unidos acusam a China de demorar na aprovação dos envios de terras raras, cruciais para as indústrias de automóveis, semicondutores e aeroespacial.
O acordo deverá ser aprovado pelos governantes dos dois países, indicaram os negociadores em Londres.
Esta nova rodada de negociações busca prorrogar a trégua assinada há um mês em Genebra, na Suíça, que levou as duas maiores potências econômicas do mundo a reduzirem substancialmente suas respectivas tarifas por um período de 90 dias.
Na cidade suíça, Washington concordou em reduzir as tarifas sobre os produtos chineses de 145% para 30%, em troca de um movimento similar por parte de Pequim, que diminuiu suas tarifas de 125% para 10%.
As delegações voltaram a se reunir nesta terça-feira na Lancaster House, no centro da capital britânica, entre o Palácio de Buckingham e a Trafalgar Square.
- Pontos de divergência -
"Nossa comunicação tem sido muito profissional, racional, profunda e franca", disse Li. Ele acrescentou que espera que os avanços feitos em Londres ajudem a aumentar a confiança de ambas as partes.
As terras raras da China constituem um ponto crucial das negociações, já que os Estados Unidos esperam que o ritmo das exportações desses minerais estratégicos seja restabelecido, após uma desaceleração registrada desde que o presidente americano Donald Trump iniciou sua guerra comercial em abril.
"Em Genebra, aceitamos reduzir nossas tarifas e eles concordaram em permitir a exportação de ímãs e terras raras que precisamos", destacou Kevin Hassett, principal assessor econômico de Trump, ao canal CNBC.
Contudo, embora Pequim tenha permitido as exportações, estas ocorreram "a um ritmo muito menor que o considerado ideal pelas empresas", segundo Hassett.
Por sua vez, a China quer que os Estados Unidos reconsiderem vários controles de exportação sobre seus produtos. Ao ser questionado sobre essa possibilidade, Trump se limitou a um lacônico e evasivo "vamos ver".
- 'Concessões' -
Ambos os países "desenvolveram quase um arsenal espelhado de armas comerciais e de investimentos que podem usar um contra o outro", disse Emily Benson, chefe de estratégia da Minerva Technology Futures.
Os dois vão utilizar ferramentas econômicas para tentar mudar as estruturas de poder global, por isso não seria razoável esperar um acordo típico de comércio e investimento, disse Benson à AFP.
O encontro de Londres acontece após uma conversa telefônica na semana ada entre os presidentes de Estados Unidos e China, qualificada como "muito positiva" por Trump, enquanto Xi Jinping pediu a seu homólogo para "corrigir o rumo do grande barco das relações sino-americanas", segundo a imprensa chinesa.
Também acontece após um agravamento das tensões na semana ada, quando Trump acusou Pequim de não respeitar os termos do acordo de desescalada estabelecido em Genebra.
Enquanto trabalha na normalização das relações com Washington, o governo da China iniciou conversas com outros parceiros para formar uma frente comum contra os Estados Unidos.
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