De desenho no paint a pet shop, veterinária fatura hoje R$ 600 mil ao ano

Um "arcaico" desenho no paint foi o primeiro o de um pet shop com creche canina sair do papel em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. Cinco anos depois do rascunho, o negócio tomou forma e hoje, ados mais cinco anos, já fatura cerca de R$ 50 mil por mês, totalizando R$ 600 mil ao ano.
Quase metade do faturamento da Budapets Village vem da creche canina, voltada para cães de pequeno porte. A área gramada e 'piscininha' são atrativos do espaço. Ao lado da 'escola para cachorro', há um prédio de dois andares onde estão a loja do pet shop e salas para veterinária e banho e tosa. "A ideia era trazer tudo num lugar só: creche, veterinária, entre outros serviços. Começou dali (do desenho no paint) o sonho", conta a proprietária do Budapets Village, Cíntia Klein.
Hoje, o faturamento da empresa é o dobro em relação a 2023. Mas não é só na Budapets que isso aconteceu. Dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) e do Instituto Pet Brasil mostram que o faturamento das empresas ligadas ao mercado pet vem crescendo nos últimos dez anos. Em 2024, ficou em R$ 75,4 bilhões - uma alta de 9,6% em relação a 2023. Já a projeção para este ano é que o faturamento do setor atinja R$ 77,90 bilhões (3,5% maior em relação a 2024).
O que a empresa fez para crescer
Operação foi unificada em um único endereço. Até maio de 2023, a empresa funcionava em dois locais na mesma quadra, mas separados por cerca de 25 metros de distância. Em um terreno ficava apenas a creche canina, e em outro espaço, ficava a petshop. Porém, em dias de chuva e sol, os tutores precisavam aguardar na rua para pegar seus pets. E, caso um temporal se aproximasse, os cães eram levados para o pet shop do outro lado da rua. "Acabava que ficava muito separado. E a gente sabe que é muito importante que o tutor entre na loja para consumir produtos da pet, o que não ocorria", conta Klein. O prédio novo levou três meses para ficar pronto e reúne todos os serviços.
'Piscininha' foi projetada especialmente para cães de pequeno porte. Na 'Buda', a piscina tem dois níveis - um mais raso, que é praticamente uma lâmina d'água - e outro mais profundo, com 30 centímetros de altura. Com exceção do espaço coberto - usado mais em dias de chuva - toda área é gramada e sombreada por uma amendoeira-da-praia. "A gente tem muitas creches em Balneário que são quase a própria extensão do apartamento, com piso e ambiente fechado. Não que a gente não precise ter, como em dias de chuva. Mas ter a grama, ter esse momento deles na piscina é importante. E eu vejo que os tutores acham o máximo quando (os cães) entram na piscina, é muito fofo", entende a proprietária do espaço.
Cães foram separados em turmas. Em 2024, foram criadas duas turmas diferentes: separando os mais agitados dos calmos. Com isso, os mais espevitados poderiam vir até três vezes na semana, já os tranquilos, até duas vezes. Não há mais mistura entre eles. "A ideia é respeitar o jeitinho de cada cão", explica a proprietária da Budapets Village.
Banho deixou de ser terceirizado e ou a ser tocado por equipe própria. A mudança ocorreu em dezembro de 2023 e, segundo Klein, "trouxe um toque mais nosso" para o serviço. Em termos de faturamento, o banho e tosa quase se iguala ao da creche canina, chegando até a ar o valor. Na verdade, a 'escola para cachorro' acaba levando clientes para o banho e tosa - principalmente pela comodidade.
Foco no atendimento individualizado. A ideia na Budapets é fugir do atendimento generalizado visto em outros espaços parecidos na cidade. "Cada tutor tem um jeito que gosta de ser recebido, tem uma demanda. Tem tutor que chega e precisa ir logo embora. Acho que é isso: saber lidar com cada um e ter um atendimento cuidadoso, especialmente com o cãozinho", conta Klein. Os tutores têm o a um aplicativo no qual são informadas as atividades do dia, sobre o plano contratado e ainda sobre as vacinas do pet. Além disso, os tutores recebem diariamente fotos e vídeos dos pets pelo WhatsApp e ganham uma mochila para colocar os pertences do doguinho nos dias da creche.
Educação positiva. Na Budapets, as professoras são treinadas no método day care equilibrado, baseado na educação positiva ou adestramento positivo. A ideia é recompensar comportamentos desejados dos cães, sem usar punições.
Principal marketing da empresa é o "boca a boca". Hoje, o perfil da Budapets tem pouco mais de 3,8 mil seguidores. Destes, a maioria é formada por clientes e ex-clientes, que conhecem o espaço. Por conta disso, a proprietária entende que a procura pelos serviços da Buda é orgânica, por indicação de outras pessoas. "A gente tem Instagram, mas o nosso principal marketing é o boca a boca. Nossos clientes recomendam para outros clientes e, mais do que qualquer publicação paga no Instagram, (o novo cliente) vai confiante que vai ser uma coisa boa", explica.
Empresa teve boom na procura por creche. Em 2023, o faturamento mensal da empresa oscilava entre R$ 20 mil a R$ 23 mil e, deste valor, entre R$ 7 mil a R$ 8 mil vinham da creche canina, o que equivale a 35% a 40% do total. Já em 2025, o faturamento mensal está em quase R$ 50 mil por mês e, do total, cerca de 50% é da 'escola para cachorro'. "Antes, a gente tinha clientes novos poucas vezes no mês. E hoje a gente não a uma semana sem pelo menos cinco pessoas mandando mensagem, pessoas novas agendando serviço, avaliação e banho", conta.
Mercado pet está em alta
Faturamento cresceu 9,6% em 2024 em comparação com o ano anterior. De R$ 68,70 bilhões ou para R$ 75,4 bilhões, segundo dados da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) e do Instituto Pet Brasil.
Porém, a projeção para crescimento neste ano é menor, de 3,5%, chegando a marca de R$ 77,90 bilhões. As entidades avaliam que três fatores interferiram: inflação, câmbio e desaceleração do consumo. No caso do câmbio, o valor do dólar influencia no preço de ingredientes utilizados nas rações para os animais (chamado pelo setor de pet food).
Segmento "pet food" corresponde a mais da metade do faturamento do setor. Na sequência, vem a venda de animais (10,9%), produtos veterinários (10,5%), serviços veterinários (10,4%), serviços gerais (9%) - neste último se enquadram as creches caninas. Por fim, vem o segmento pet care (5,9%), que inclui produtos de higiene e bem-estar (shampoo, perfume, tapete higiênico, entre outros).
Brasil tem hoje 164,6 milhões de animais de estimação. Desses, 44% se alimentam com produtos industrializados, observa o presidente-executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França.