Gelo derrete 17 vezes mais rápido que a média na Groenlândia
O gelo derreteu 17 vezes mais rápido que a média histórica entre 15 e 21 de maio na Groenlândia, consequência de uma onda de calor recorde que também afetou a Islândia, advertiu a rede científica World Weather Attribution (WWA).
Os dados de 2025 foram comparados com a média de degelo durante o período entre 1980 e 2010, afirmou.
"A contribuição do degelo da Groenlândia para o aumento do nível do mar é maior do que teria sido sem esta onda de calor", destacou Friederike Otto, professora de Ciências do Clima no Imperial College de Londres.
Na Islândia, a temperatura superou 26ºC em 15 de maio, algo que nunca havia sido registrado nesta ilha próxima do Ártico.
"As temperaturas observadas na Islândia em maio bateram todos os recordes, superando em mais de 13ºC a média das temperaturas máximas diárias de maio para o período de 1991-2020", destacou a WWA em um comunicado.
No mês de maio, 94% das estações registraram novos recordes de temperatura, segundo o instituto meteorológico local.
Nos últimos anos, ambos os territórios registraram ondas de calor mais significativas, mas estas ocorreram mais tarde no ano, no final de julho e início de agosto de 2008, assim como em agosto de 2004.
"Sem as mudanças climáticas, [a onda de calor de maio] teria sido impossível", afirmou Otto.
No leste da Groenlândia, o dia mais quente registrou um aumento da temperatura de 3,9ºC em comparação com a média do período pré-industrial, indicou a WWA.
"Uma onda de calor de cerca de 20ºC não parece um evento extremo para a maioria das pessoas, mas é um problema realmente importante para esta região (...) e isto afeta em grande medida o mundo todo", insistiu Otto.
O Ártico aquece quatro vezes mais rápido do que o restante do mundo, segundo a revista científica Nature.
- Infraestruturas danificadas -
A nível mundial, em relação à referência pré-industrial, se o aumento da temperatura "atingir 2,6°C, o que é esperado até 2100, a menos que os países abandonem rapidamente o petróleo, o gás e o carvão, ondas de calor semelhantes provavelmente aumentarão sua intensidade em mais 2°C" na Groenlândia e na Islândia, alertou a WWA.
Para as comunidades indígenas da Groenlândia, o aumento das temperaturas e o degelo representam uma mudança nas condições tradicionais de caça e afetam as infraestruturas.
"Na Groenlândia e na Islândia, as infraestruturas são projetadas para resistir ao frio, o que significa que, quando faz calor, o degelo pode provocar inundações e danificar estradas e infraestruturas", apontou a rede científica.
Na Groenlândia, o calor somado às fortes chuvas pode afetar o entorno natural.
Em 2022, essa combinação causou o degelo do permafrost, a camada de solo permanentemente congelada nas regiões polares, liberando ferro e outros metais em muitos lagos do Ártico, observou.
As preocupações não se limitam ao meio ambiente, mas também afetam a saúde e a higiene, já que as casas rurais da Groenlândia geralmente não têm encanamento.
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