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Indiciamento de Augusto incomoda atletas e parceiros do Corinthians

Augusto Melo, presidente do Corinthians -  PETER LEONE/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
Augusto Melo, presidente do Corinthians Imagem: PETER LEONE/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO

24/05/2025 07h00

A crise política nos bastidores do Parque São Jorge já chegou no elenco e está reverberando entre os jogadores do Corinthians. Na última quinta-feira, o presidente do clube, Augusto Melo, foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro no caso VaideBet, fato este que causou apreensão entre os atletas e os parceiros comerciais do Timão.

Conforme apurou a Gazeta Esportiva com diferentes fontes, alguns jogadores do elenco alvinegro ficaram aflitos com as recentes notícias envolvendo Augusto Melo, que, além de indiciado, também está sob risco de impeachment. Os atletas procuraram seus empresários e outros dirigentes do clube para entender o que está acontecendo com o mandatário e como ficará a situação a partir de agora.

Sendo assim, o executivo de futebol do Corinthians, Fabinho Soldado, está trabalhando para blindar o CT Dr. Joaquim Grava do caos istrativo e manter o elenco focado no futebol. Neste sábado, às 21h (de Brasília), o time tem um jogo importante contra o Atlético-MG, na Arena MRV, pelo Campeonato Brasileiro.

Vale lembrar que no ano ado, antes da primeira reunião para votar o impeachment de Augusto Melo, diversos nomes importantes do plantel chegaram a publicar uma mensagem de apoio ao presidente nas redes sociais. Desta vez, com o indiciamento e às vésperas de mais um encontro no Conselho Deliberativo, nenhum atleta se manifestou sobre o tema.

A reportagem ainda apurou que patrocinadores e parceiros comerciais do Timão também ficaram receosos com os recentes desdobramentos.

Houve uma forte pressão destes patrocinadores para que a coletiva de Augusto Melo realizada nesta sexta-feira, na Neo Química Arena, não estame as logos das empresas parceiras, como sempre acontece em entrevistas de jogadores e do técnico Dorival Júnior, por exemplo. As companhias não querem que o caso policial seja, de alguma maneira, vinculado à elas.

A solução encontrada pela assessoria de Augusto Melo foi cobrir a bancada da sala de imprensa com um pano preto e deixar o telão que fica atrás dos entrevistados desligado.

Entenda o caso

O inquérito policial foi concluído pelas autoridades na noite da última quinta-feira. Além de Augusto Melo, também foram indiciados o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura, o ex-diretor istrativo Marcelo Mariano, além de Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, apontado no contrato entre clube e a casa de apostas como intermediador do acordo.

Cabe agora ao Ministério Público decidir se irá ou não apresentar a denúncia formal à Justiça. O promotor Juliano Atoji monitorou as investigações de perto e deve levar o caso adiante. Se a denúncia foi aceita por um juiz, Augusto Melo, Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Alex Cassundé se tornarão réus em processo penal.

O contrato virou alvo de investigação policial após a descoberta de rees de receitas oriundas de pagamentos do Corinthians para a Rede Social Media Design LTDA, empresa de Cassundé. Posteriormente, parte destes valores foram transferidos para uma empresa 'laranja' e chegaram a uma conta vinculada ao crime organizado, conforme comprovou o relatório assinado pelo delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), responsável pelo caso.

O documento ainda confirmou que Cassundé fez uma transferência de R$ 580 mil para a Neoway Soluções Integradas, a tal empresa fantasma, no dia 25 de março de 2024, mesma data em que, de acordo com dados telemáticos (ERB's) obtidos pela Polícia, Alex esteve presente no Parque São Jorge.

A intermediação deu à Rede Social Media Design LTDA o direito a receber 7% do valor total do acordo entre o clube e a VaideBet, o que, à época da vigência da parceria, renderia, ao fim do período de três anos, R$ 25,2 milhões para a empresa. A quantia deveria ser reada pelo clube em parcelas mensais de R$ 700 mil.

O presidente, por sua vez, se diz inocente e garante que não irá renunciar à presidência do clube, apesar da pressão de torcedores e da principal organizada, Gaviões da Fiel.

Votação de impeachment

Indiciado pela Polícia Civil, Augusto Melo vê a pressão aumentar cada vez mais nos bastidores do Corinthians. Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo do clube se reunirá no Parque São Jorge, a partir das 18h, para retomar a votação de impeachment contra o mandatário.

O encontro teve início no dia 20 de janeiro deste ano, mas acabou sendo suspenso pela falta de segurança e devido ao horário. Na oportunidade, 126 conselheiros contra 114 aprovaram a issibilidade do processo de destituição de Augusto Melo por conta do escândalo da VaideBet.

Caso a maioria simples no Conselho aprove o impeachment de Augusto no dia 26, o presidente será afastado imediatamente do cargo, que será assumido de forma temporária por Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do Corinthians.

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