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Marina Silva abandona comissão após bate-boca com senadores

27/05/2025 17h08

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, abandonou nesta terça-feira (27) uma comissão do Senado após uma forte discussão com parlamentares, que a criticaram por conta de uma rodovia amazônica cuja obra está paralisada por razões ambientais.

Marina, 67 anos, que tem uma longa trajetória como ambientalista, deixou a sessão depois que um senador lhe disse que ela "não merece respeito" como ministra e outro a acusou de "atrapalhar o desenvolvimento do país".

Enquanto o Brasil se prepara para sediar a conferência climática da ONU, a COP30, marcada para novembro em Belém, crescem as pressões políticas sobre Marina Silva, que se mostra contrária a um megaprojeto de exploração petrolífera, abertamente apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ministra já havia deixado, em 2008, o segundo governo do então presidente Lula por dificuldades em implementar sua agenda ambiental.

A comissão havia sido convocada para que Marina explicasse as exigências feitas à Petrobras para obter a licença de exploração de petróleo na Margem Equatorial, uma área marítima próxima à maior floresta tropical do planeta.

A licença está em análise pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), um órgão autônomo vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

"Eu estou vendo uma ministra, não estou vendo uma mulher. A mulher merece respeito, a ministra, não", provocou o senador Plínio Valério (PSDB-AM) durante a sessão da Comissão de Infraestrutura. Marina respondeu: "Eu fui convidada como ministra e se ele não me respeitar como ministra, vou me retira". Em seguida, deixou a sala.

Em março, Valério havia declarado que era difícil "tolerar" Marina Silva por várias horas "sem enforcá-la".

O senador Omar Aziz (PSD-AM), da base aliada de Lula, acusou a ministra de "atrapalhar o desenvolvimento do país" e citou o caso da rodovia amazônica BR-319, que liga as capitais estaduais Porto Velho e Manaus, no norte do Brasil, cuja pavimentação está paralisada há anos devido ao possível impacto ambiental negativo.

A ministra também discutiu com o presidente da comissão, o bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO), a quem acusou de querer que ela fosse uma "mulher submissa", após ele silenciá-la várias vezes e mandar que ela "se ponha no seu lugar".

" O que não pode é alguém achar que porque você é mulher, porque você é preta, porque você vem de uma trajetória de vida humilde, que você vai dizer quem eu sou e ainda dizer que eu devo ficar no meu lugar. O meu lugar é onde todas as mulheres devem estar", disse a ministra a jornalistas posteriormente.

A rede de entidades ambientalistas Observatório do Clima publicou uma nota de solidariedade a Marina: "Covardia e ódio contra uma mulher. Foi o que se viu nesta terça-feira no Senado Federal."

De maioria conservadora, o Senado aprovou na semana ada um projeto de lei polêmico para flexibilizar as licenças ambientais, que precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados. A ministra classificou o projeto como "um grande retrocesso".

ffb-jss/rsr/app/val/am-lb

© Agence -Presse

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