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Fraude em testes de emissões de veículos causaram cerca de 200 mil mortes na UE e Reino Unido, diz relatório

28/05/2025 12h02

Um relatório publicado pelo Center for Research on Energy and Clean Air (CREA), baseado em Helsinki, na Finlândia, revelou que a fraude das construtoras mascarando emissões de seus veículos, conhecido como "dieselgate", estaria relacionada à morte de cerca de 200 mil pessoas na União Europeia e no Reino Unido.

O documento, publicado nesta quarta-feira (28) pela organização de pesquisa independente especializada nos efeitos da poluição do ar na saúde, calcula os impactos na qualidade do ar do excesso de emissões de gases, na UE e no Reino Unido entre 2009 e 2040, provenientes de veículos a diesel.

O escândalo do "dieselgate" estourou em setembro de 2015, após investigações das autoridades dos Estados Unidos revelarem que milhões de veículos da Volkswagen estavam equipados com softwares que conseguiam burlar testes de homologação. A fraude permitia que os automóveis aparentassem cumprir as normas de emissão europeias e ser menos poluentes do que realmente eram.

O excesso de emissões indicado no estudo, se refere a emissões consideradas suspeitas (mais do dobro do limite legal) e provavelmente relacionadas com a utilização de dispositivos que manipulavam os resultados dos veículos em testes, proibidos na UE. O relatório também apresenta estudos de caso sobre o impacto das emissões domésticas no Reino Unido e em França especificamente.  

O estudo identifica 124 mil mortes prematuras e € 760 bilhões de impactos econômicos no período de 2009 e 2024. Além disso, se nenhuma medida for tomada, a poluição pode causar mais 81 mil mortes prematuras e € 430 bilhões de prejuízos entre 2025 e 2040.

No caso específico do Reino Unido, o estudo estima que entre 2009 e 2040, o excesso de emissões cause 22 mil mortes prematuras, 41 mil novos casos de asma infantil e um custo econômico associado de € 156 bilhões.

Uma grande parte desses impactos econômicos e na saúde ocorrerá nos próximos anos se nenhuma medida for tomada.

Já na França, o número de mortes prematuras estimado pelo relatório entre 2009 e 2040, é de 24 mil, além de 26 mil novos casos de asma em crianças e um custo econômico associado de € 146 bilhões. Assim como no Reino Unido, espera-se que uma proporção significativa desses impactos ocorra nos próximos anos.

Veículos em circulação

Para chegar a essas estimativas inéditas, os pesquisadores calcularam o impacto na qualidade do ar do excesso de emissões de gases tóxicos, óxidos de nitrogênio (NOx), produzidos por veículos a diesel envolvidos na fraude.

Atualmente, aproximadamente 19 milhões de veículos equipados com motores fraudulentos ainda circulam na Europa, de acordo com cálculos do Conselho Internacional de Transporte Limpo, organização independente que divulgou as revelações do "dieselgate" em 2015 e contribuiu para o estudo do CREA.

Além da Volkswagen, cujos envolvidos foram condenados pela Justiça alemã, modelos das marcas Peugeot, Renault, Fiat também estão envolvidos. Vendidos entre setembro de 2009 e agosto de 2019, os automóveis foram homologados segundo as normas Euro V e Euro VI, antes da introdução de novos testes realizados em condições reais de condução.

O CREA considera emissões excessivas aquelas cujo nível excede em mais do dobro o limite legal. O impacto é ainda maior se consideradas as emissões totais de NOx em condições reais de condução: o CREA contabiliza, neste caso, mais de 300 mil mortes prematuras em toda a Europa.

Além de mortes prematuras, as emissões de NOx estão associadas a diversos tipos de doenças respiratórias e cardiovasculares, câncer, diabetes, segundo o CREA. Elas também devem causar 2,4 milhões de dias de licença médica.

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