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Ítalo-brasileiro Antonio Filosa vai comandar grupo Stellantis, que inclui Fiat, Peugeot e Citroën

28/05/2025 06h27

O grupo Stellantis, que reúne 14 marcas, entre elas Peugeot e Citroën, anunciou nesta quarta-feira (28), por comunicado, a nomeação de Antonio Filosa para o cargo de diretor-geral, sucedendo o português Carlos Tavares, que pediu demissão há seis meses.

 

O conselho de istração do grupo "elegeu por unanimidade Antonio Filosa como CEO (diretor-geral), ao término de um processo aprofundado de busca por candidatos internos e externos, conduzido por um comitê especial presidido por seu presidente executivo, John Elkann", informou a montadora em comunicado divulgado na manhã de quarta-feira.

Filosa, nascido em Castellammare di Stabia, no sul de Nápoles, é apresentado pela imprensa internacional como ítalo-brasileiro. A cidadania brasileira seria decorrente de casamento com uma brasileira. Aos 52 anos, ele ocupava duas funções dentro do grupo: diretor da região das Américas e responsável global pela qualidade.

A Stellantis ? que possui marcas como Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS Automobiles, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram e Vauxhall ? "realizará uma assembleia-geral extraordinária, a ser convocada nos próximos dias, para eleger Antonio Filosa como executivo do conselho de istração da empresa", acrescentou.

"Enquanto isso, para lhe conceder plenos poderes e garantir uma transição eficaz, o conselho de istração lhe atribui os poderes de CEO a partir de 23 de junho", completou o grupo.

Filosa, que ingressou na Fiat em 1999, era um dos principais candidatos internos ao cargo de diretor-geral, vago desde a saída de Carlos Tavares no início de dezembro de 2024, por desentendimentos internos.

O italiano estava entre os favoritos, ao lado do francês Maxime Picat e dos americanos Mike Manley e Douglas Ostermann. Nomes fora da Stellantis foram cogitados, como José Muñoz, CEO da Hyundai.

Sob seu comando, "a marca Fiat tornou-se líder do mercado sul-americano, e as marcas Peugeot, Citroën, Ram e Jeep cresceram significativamente na região", permitindo ao grupo "reforçar sua liderança na América do Sul", afirma a Stellantis.

"A criação da fábrica de Pernambuco, um dos maiores polos automotivos da América do Sul, liderada por Antonio Filosa, permitiu o lançamento da Jeep no Brasil, e a marca rapidamente se tornou número 1 fora dos Estados Unidos", acrescenta a empresa.

Na Fiat, foi diretor de fábrica em Betim, Minas Gerais, e chefe de compras para a região da América Latina. Também foi responsável pela Argentina e pelas marcas Alfa Romeo e Maserati na América Latina no final da década de 2010.

Em fevereiro, a Stellantis restringiu seu comitê executivo e ou a enfatizar a qualidade de seus veículos, desmontando o legado deixado por Carlos Tavares, defensor de uma política rigorosa de redução de custos.

Após anos iniciais com lucros recordes, a qualidade decepcionante de alguns modelos e os preços elevados em comparação à concorrência contribuíram para o colapso das vendas do grupo nos Estados Unidos em 2024 ? apontado como uma das razões para a saída de Tavares.

Fruto da fusão em 2021 entre os grupos generalistas Peugeot-Citroën (PSA) e Fiat-Chrysler (FCA), a Stellantis enfrenta hoje uma concorrência crescente, sobretudo de montadoras chinesas, e precisa lidar urgentemente com problemas de qualidade, segundo analistas.

Brasil

Filosa é graduado em engenharia pela Escola Politécnica de Milão e possui MBA pela Fundação Dom Cabral, no Brasil. Foi um protegido de Sergio Marchionne, lendário chefe da Fiat-Chrysler, falecido em julho de 2018, e homem de confiança da família Agnelli, da Fiat.

O executivo chegou ao Brasil em 2005, quando sua carreira deu uma guinada. Ao consolidar a posição da Fiat no país, a montadora alcançou 14,5% de participação de mercado na América do Sul.

Sua contribuição ao desenvolvimento do Polo Automotivo de Goiana, em Pernambuco, foi reconhecida com a concessão do título de Cidadão Honorário de Pernambuco pela Assembleia Legislativa do Estado em 2024, segundo o site da Stellantis.

Mudança de eixo

A escolha de Filosa, produto direto da Fiat-Chrysler, muda o equilíbrio estabelecido após a fusão com a PSA, aponta o jornal Le Monde. Até então, havia um presidente vindo da parte italiana e um diretor-geral vindo da parte sa (Carlos Tavares).

"Desde a saída de Carlos Tavares, a Stellantis tem revertido sua estrutura globalizada, dando mais autonomia a cada região", explica Le Monde. Outro movimento estratégico, lembra o jornal francês, foi o abandono da meta de vender apenas carros elétricos até 2030, com o relançamento de motores a combustão.

Na Bolsa de Paris, as ações da Stellantis subiam 0,46%, cotadas a 9,26 euros, em um mercado em alta de 0,16% por volta das 07h20 GMT.

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