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Taxa de desemprego no Brasil fica abaixo do esperado no tri até abril com recorde de carteira assinada

29/05/2025 11h36

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil ficou abaixo do esperado no trimestre até abril com número recorde de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, em um mercado de trabalho que segue em patamar sólido.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram nesta quinta-feira que nos três meses até abril a taxa de desemprego foi a 6,6%, de 6,5% nos três meses imediatamente anteriores, até janeiro.

O resultado é o mais baixo para o período na série histórica iniciada em 2012 e ficou bem abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 6,9%. No mesmo período do ano anterior, a taxa de desemprego foi de 7,5%.

O mercado de trabalho no Brasil deve seguir robusto neste ano, de acordo com analistas, mas apresentando deterioração gradual em conjunto com a perda de força esperada da economia.

Se por um lado o mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego em patamares historicamente baixos e aumento da renda, ajuda a estimular a atividade econômica, por outro dificulta o controle da inflação, especialmente a de serviços.

"A economia segue ajudando o mercado de trabalho, a despeito da taxa de juros. O que se vê é um mercado ainda com força uma vez que tem taxas baixas e até absorvendo mais trabalhadores", destacou William Kratochwill, analista da pesquisa no IBGE.

"Uma taxa baixa não significa pleno emprego, há outros fatores como tempo de espera e procura, por exemplo", completou.

O Banco Central já elevou a taxa básica de juros Selic para 14,75%, buscando o controle da inflação.

Nos três meses até abril, o número de desempregados aumentou 1,0% sobre o trimestre imediatamente anterior, chegando a 7,273 milhões de pessoas, o que representa ainda uma queda de 11,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Já o total de ocupados aumentou 0,3% sobre o trimestre até janeiro e 2,4% na comparação anual, atingindo 103,257 milhões.

"Acreditamos que o mercado de trabalho continuará forte ao longo de 2025 ... Esse crescimento do nível de ocupação também deve ajudar a estimular a atividade econômica, embora dificulte o controle da inflação, especialmente a de serviços", afirmou Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado cresceram 0,8% nos três meses até abril sobre o trimestre anterior e chegaram a um total de 39,648 milhões, um recorde, segundo o IBGE.

Os que não tinham carteira recuaram 1,6% na comparação trimestral, chegando a 13,660 milhões.

"O mercado de trabalho apresentando níveis mais baixos de subutilização da população em idade de trabalhar, como vem acontecendo, naturalmente impulsiona as contratações formalizadas, uma vez que a mão de obra mais qualificada exige melhores condições de trabalho", disse Kratochwill.

Dados do Caged divulgados na véspera também corroboram a melhora do setor formal, uma vez que foram abertas 257.528 vagas formais de trabalho em abril, bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters.

A pesquisa do IBGE apontou ainda que, no trimestre até abril, o rendimento real habitual de todos os trabalhos chegou a R$3.426 no trimestre de fevereiro a abril de 2025, apresentando avanços de 0,4% sobre os três meses imediatamente anteriores e de 3,2% na comparação anual.

O patamar elevado da renda "tende a sustentar o consumo e representa um desafio adicional à condução da política monetária, sobretudo diante da persistência inflacionária no setor de serviços", destacou Rafael Perez, economista da Suno Research.

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