Líder do PT pede quebra do sigilo bancário e bloqueio dos bens de Bolsonaro
O deputado Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, pediu hoje à Polícia Federal a quebra de sigilo bancário e bloqueio de bens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para investigar a ofensiva contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, nos Estados Unidos.
O que aconteceu
Lindbergh prestou depoimento à PF hoje. Ele argumenta que Bolsonaro estaria usando arrecadação de doações por Pix para financiar estrutura no exterior destinada a atacar o Judiciário brasileiro.
Líder do PT pede o bloqueio imediato das contas do ex-presidente. Segundo ele, Bolsonaro seria o "autor da captação irregular e financiador do núcleo externo da trama golpista".
"É um golpe de Estado continuado", diz Lindbergh. "Para nós, estão caracterizados vários crimes. Tem dois que são incontestes: coação no curso do processo e obstrução de Justiça", afirmou a jornalistas após prestar depoimento em Brasília. Ele pede o indiciamento de Bolsonaro e Eduardo pelos dois crimes.
Deputado quer a ampliação do escopo investigativo. Além de obstrução de Justiça e coação, ele afirma que a movimentação de Eduardo no exterior pode configurar possível prática de atentado à soberania nacional, organização criminosa e alta traição à pátria e segurança do Estado mediante atentado contra a liberdade de magistrado.
Eduardo se licenciou da Câmara e tem se articulado com autoridades americanas para que o país imponha sanções ao ministro Alexandre de Moraes. No fim de maio, a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu a abertura de um inquérito para investigar a atuação do filho do ex-presidente nos Estados Unidos, com base em uma representação de Lindbergh.
"Estamos caminhando para uma crise diplomática gravíssima", diz o líder do PT. Ele cobrou que o governo brasileiro se movimente antecipadamente para evitar possíveis represálias contra autoridades brasileiras. "O Itamaraty tem que trabalhar", disse.
Veja os pedidos de Lindbergh:
- Indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro por coação no curso do processo e obstrução de justiça;
- Juntada das publicações e vídeos veiculados nas redes sociais de Eduardo que demonstram os indícios concretos de materialidade e autoria dos crimes;
- Ampliação do escopo investigativo com o indiciamento pela possível prática dos tipos penais de atentado à soberania nacional, de alta traição à pátria e segurança do Estado mediante atentado contra a liberdade de magistrado e de organização criminosa;
- A investigação do deputado federal Felipe Barros (PL/PR), do blogueiro Paulo Figueiredo Neto e dos demais possíveis coautores que realizaram reuniões no exterior para negociar a intervenção estrangeira contra autoridades brasileiras;
- Interrupção imediata do fluxo de recursos financeiros com origem no Brasil e destinação ao exterior, em favor de Eduardo Bolsonaro;
- Quebra de sigilo bancário e fiscal de Jair, Eduardo e demais envolvidos;
- Comunicação ao Coaf para detectar movimentações financeiras atípicas entre Eduardo, Jair e 32 pessoas físicas e/ou jurídicas que atuem como intermediários para envio de valores ao exterior;
- Extração de cópias dos autos e o envio para o Ministério das Relações Exteriores para avaliar suspensão, revogação ou cancelamento do aporte diplomático de Eduardo.