Cuba afirma respeitar acordos migratórios com os EUA
Cuba segue "respeitando os acordos migratórios" com os Estados Unidos, afirmou nesta terça-feira (3) uma funcionária da chancelaria cubana, que acusa Washington de "criar condições" que poderiam levar a um "confronto militar".
Os dois países mantêm encontros bilaterais a cada seis meses para revisar acordos alcançados em 1984, em virtude dos quais se comprometem a garantir uma migração regular, segura e ordenada.
Mas desde que voltou ao poder, em 20 de janeiro, o presidente americano, Donald Trump, que já tinha chefiado a Casa Branca entre 2017 e 2021, exerce pressão máxima sobre a ilha.
"Os Estados Unidos têm rejeitado taxativamente cada nota diplomática, cada conversa e cada tentativa e oferta do governo cubano", queixou-se, em Washington, Johana Tablada, encarregada dos Estados Unidos na chancelaria cubana.
"A prova mais recente e óbvia foi que as conversas sobre migração foram suspensas", disse ela, durante uma coletiva de imprensa.
Mas, "continuamos respeitando os acordos migratórios, continuamos protegendo nossa fronteira para evitar que as pessoas saiam", disse.
Segundo dados do Serviço de Alfândega e Proteção Fronteiriça (CBP), desde 2022 as autoridades americanas interceptaram quase 700.000 migrantes cubanos que tentavam cruzar a fronteira sem visto, aos quais cabe adicionar todos aqueles que tentaram chegar por mar.
Desde 2017, "quase 50.000 cubanos foram devolvidos a Cuba", afirmou a funcionária, que assegura que seu país segue "aceitando" as pessoas expulsas pela guarda-costeira.
"Na sexta-feira ada, recebemos o primeiro voo durante o (novo) governo do presidente Trump", assinalou Tablada. Ela acredita que também será permitido que os aviões caça-furacões americanos sobrevoem Cuba agora que se inicia a temporada de furacões.
Em seu primeiro mandato, Trump reforçou o embargo que Washington aplica contra Cuba desde 1962 e em janeiro revogou a decisão de seu antecessor, Joe Biden, de retirar a ilha da lista de países patrocinadores do terrorismo, o que dificulta o comércio e o investimento estrangeiro.
Além disso, voltou a incluir Cuba em outra lista, de países que não cooperam plenamente com sua luta antiterrorista.
Tablada acusou o governo americano de ter tomado "pelo menos 14 medidas adicionais para causar estragos, para dinamitar nossa relação, realmente provocar uma ruptura da relação, e inclusive criar condições (...) para um confronto militar, se for necessário".
"Gostaríamos de abrir um diálogo respeitoso com o presidente Trump", disse a alta funcionária, segundo quem Havana estaria disposta a dialogar sobre todos os temas, inclusive os direitos humanos.
Na sexta-feira ada, Cuba convocou o representante dos Estados Unidos, Mike Hammer, para adverti-lo de que "não pode usar" sua imunidade diplomática para justificar o que qualifica de uma "conduta intervencionista e inamistosa".
Desde que chegou a Cuba, em novembro de 2024, o diplomata americano visitou em casa dissidentes, defensores dos direitos humanos, mães de presos políticos e jornalistas independentes.
Tablada acusou Hammer de canalizar dinheiro para uma "mudança de regime".
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