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Não há como reiniciar usina nuclear de Zaporizhzhia no momento, diz chefe da AIEA

03/06/2025 16h15

Por Max Hunder

KIEV (Reuters) - Ocupada pela Rússia, a usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, não está em condições de ser reiniciada no momento devido à falta de água para resfriamento e à ausência de uma fonte de energia estável, disse o chefe do órgão de vigilância de segurança nuclear da ONU nesta terça-feira.

A água teria que ser bombeada do rio Dnipro para que a usina, que não gera energia há quase três anos, pudesse ser reiniciada, disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, à Reuters.

Localizada na região de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, a maior usina nuclear da Europa foi ocupada pela Rússia em março de 2022, logo após o lançamento de uma invasão em grande escala. Antes da guerra, a usina gerava um quinto da eletricidade da Ucrânia.

Grossi disse que os russos "nunca esconderam o fato" de que querem reiniciar a usina, mas acrescentou que não poderão fazê-lo no curto prazo.

A usina fica a menos de 10 km das posições ucranianas do outro lado do rio Dnipro. Ela tem seis reatores -- o último deles parou de gerar eletricidade em setembro de 2022.

O nível de água de sua lagoa de resfriamento, na margem sul do Dnipro, caiu significativamente no verão de 2023 após destruição da barragem de Kakhovka.

Áreas próximas são regularmente bombardeadas por artilharia e drones, o que danificou as duas linhas de energia restantes que fornecem a eletricidade necessária para o resfriamento da usina, mesmo em seu estado inativo.

Os dois lados acusam-se mutuamente de serem responsáveis pelos ataques.

O Greenpeace publicou um relatório na semana ada afirmando que a Rússia estava construindo uma linha de alta tensão de 90 km para conectar a usina à sua rede.

Grossi disse que a AIEA não concordou com as conclusões do relatório.

"Há algumas áreas em que houve algum trabalho, mas não temos nenhuma evidência concreta de que isso faça parte de um plano orquestrado e concertado para conectar a usina em um sentido ou outro."

"Não estamos em uma situação de reinício iminente da usina. Longe disso, levaria um bom tempo até que isso pudesse ser feito", explicou Grossi.

O maquinário da usina teria de ser inspecionado minuciosamente antes de qualquer reinício, acrescentou.

"Você pode imaginar que, em um maquinário tão grande, há bombas, parafusos, tubulações e uma série de coisas que podem estar sofrendo corrosão."

Segundo Grossi, se for possível bombear água suficiente do rio Dnipro, todos os seis reatores da usina poderão ser reiniciados, embora "várias coisas" precisem ser feitas antes.

(Reportagem de Max Hunder)

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