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Maduro caminha para consolidar seu poder na Venezuela com eleições sem oposição

Uma pessoa vota em uma seção eleitoral durante as eleições regionais em El Dorado, estado de Bolívar, Venezuela - Pedro MATTEY / AFP
Uma pessoa vota em uma seção eleitoral durante as eleições regionais em El Dorado, estado de Bolívar, Venezuela Imagem: Pedro MATTEY / AFP

25/05/2025 16h54

O chavismo governante na Venezuela caminha para uma vitória esmagadora nas eleições deste domingo (25), marcadas por uma onda de prisões de dirigentes de oposição e pedidos de boicote ao processo.

Dez meses depois da questionada reeleição do presidente Nicolás Maduro e dos distúrbios que vieram na sequência, agora serão eleitos 285 deputados da Assembleia Nacional e 24 governadores.

A líder opositora María Corina Machado pediu a seus partidários que não votassem, em meio à sua denúncia de fraude nas eleições presidenciais de 28 de julho. "Quando é SIM, é SIM. Quando é NÃO, é NÃO", escreveu no X.

O baixo comparecimento nas seções eleitorais predominou nas principais cidades do país, constataram jornalistas da AFP.

"Não vou votar porque devemos sair já deste regime", disse Mirian Cristina Pérez, uma educadora aposentada de 73 anos em San Cristóbal, no estado de Táchira, fronteiriço com a Colômbia. "Isso é para que vejam que estamos em uma democracia quando todos sabem que não é esse o caso."

"Eu sempre voto porque isto é a única coisa que está em minhas mãos", indicou, por sua vez, Oliver Gutiérrez, assessor de vendas de 38 anos em Maracaibo. "Não estou feliz, mas o que mais podemos fazer?"

De qualquer maneira, independentemente do comparecimento, a abstenção garante que o chavismo conquiste a maioria dos cargos, fortalecendo ainda mais o poder de Maduro.

O centro de pesquisa Delphos projetou que a jornada se encerrará com uma participação de 16% dos 21 milhões de eleitores aptos a votar.

"Quando o adversário tira o time de campo, você avança e toma terreno", disse Nicolás Maduro após votar, ao relembrar outros pedidos de abstenção da oposição.

- 'Declaração silenciosa' -

As eleições acontecem dias depois da prisão do dirigente Juan Pablo Guanipa, próximo a Corina Machado, e de outros opositores acusados de integrarem uma "rede terrorista" para sabotar o pleito.

O governo mobilizou mais de 400 mil efetivos para a segurança da votação, restringiu as agens fronteiriças e suspendeu a conexão aérea com a Colômbia.

A imagem de seções eleitorais desertas contrasta com a concorrida disputa presidencial do ano ado.

"O que o mundo viu hoje foi um ato de coragem cívica. Uma declaração silenciosa, mas contundente, de que o desejo de mudança, dignidade e futuro segue intacto", escreveu Edmundo González Urrutia, adversário de Maduro nas últimas eleições. 

Uma pequena cisão da oposição não aderiu à convocação de Corina Machado e participou do pleito neste domingo. É liderada pelo duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, que busca uma vaga no Parlamento.

"O que é melhor, ter voz e lutar dentro do Parlamento, ou, como fizemos em outras ocasiões, abandonar o processo eleitoral e deixar o Parlamento em sua totalidade para o governo?", disse Capriles depois de votar.

-'Aceitar a soberania'-

O chavismo possui 253 das 277 cadeiras da Assembleia Nacional, precisamente depois que a oposição boicotou as últimas eleições legislativas em 2020.

Também controla 19 do total de 23 governos estaduais.

A eleição também incluiu agora o voto para autoridades para assuntos do Essequibo, o território rico em petróleo em disputa com a Guiana. 

Será escolhido um governador e oito parlamentares, que terão um mandato simbólico, pois a Guiana istra essa rica área de 160.000 km².

Estão aptos a votar pouco mais de 21 mil eleitores em seções situadas no estado de Bolívar, no sudeste da Venezuela.

A Guiana reivindicou perante a CIJ que ratifique as fronteiras estabelecidas em um laudo de 1899, mas a Venezuela recorre ao Acordo de Genebra firmado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada.

"Mais cedo ou mais tarde, terá que se sentar comigo para conversar e aceitar a soberania venezuelana", disse Maduro a seu par guianense Irfaan Ali.

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© Agence -Presse

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