"Um prêmio muito bonito", comemora Kleber Mendonça Filho após 2 recompensas em Cannes
"O Agente Secreto" fez história neste sábado (24) ao receber dois prêmios no 78° Festival de Cannes. Kleber Mendonça Filho conquistou a palma de Melhor Direção e Wagner Moura a de Melhor Ator. Além disso, o longa brasileiro recebeu dois outros prêmios independentes em Cannes.
Adriana Brandão, enviada especial da RFI a Cannes
O brasileiro "O Agente Secreto" era um dos favoritos dos críticos e o júri, presidido pela atriz Juliette Binoche, recompensou duplamente o filme.
Wagner Moura conquistou a palma de melhor interpretação masculina. O ator brasileiro, muito elogiados por sua atuação como Marcelo/Hermano, não estava presente e a recompensa, entregue por Rossy de Palma, foi recebida pelo cineasta Kleber Mendonça Filho. O pernambucano recebeu das mãos do veterano Claude Lelouche o prêmio de Melhor Direção desta edição.
Logo após a premiação, Kleber Mendonça Filho disse à RFI se sentir muito feliz. "O Wagner Moura é um grande ator, é uma grande pessoa. O reconhecimento dele já me deixou extremamente feliz por ele e orgulhoso do trabalho que nós fizemos juntos. Mas aí uns 10 ou 15 minutos depois veio o prêmio de melhor diretor. Olhando a história do festival de Cannes, é um prêmio muito bonito", comemorou na entrevista a Melissa Barra.
"O Agente Secreto" se a em Recife em 1977 e explora as tensões políticas da época da Ditadura Militar brasileira. A trama acontece "em uma época cheia de pirraça", aponta uma legenda no início do filme. O longa segue o retorno do professor universitário Marcelo a Recife que quer se reencontrar com a família.
Essa é a primeira colaboração entre Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura.
O cineasta pernambucano revelou que essa foi também a primeira vez que escreveu um papel especialmente para um ator.
"Eu escrevi durante uns dois anos esse papel especificamente pensando nele. Ele é incrível. Não só um grande ator e uma grande pessoa, mas também um profundo conhecedor e irador da cultura brasileira. Isso é muito bonito", elogiou.
Kleber Mendonça Filho fez uma "crônica" de uma época, baseada em muitas lembranças de sua infância, pesquisas históricas e ambientada em sua cidade natal.
"É uma imagem honesta, verdadeira, correta do ponto de vista histórico, do ponto de vista de uma percepção do Brasil como sociedade, da percepção das divisões que existem dentro do Brasil", salienta.
Para o cineasta, "Recife é uma personagem do filme. Mas isso não significa que é uma propaganda do Recife. Significa que é uma visão muito franca da minha cidade. É um filme muito brasileiro", define.
Na tarde desse sábado, antes da premiação oficial, "O Agente Secreto" já havia recebido dois prêmios em Cannes: o FIPRESCI, da crítica internacional e o "Art et Essai", dos exibidores independentes da França.
A Palma de Ouro 2025 recompensou "Um Simples Acidente", do iraniano dissidente Jafar Panahi. Um filme político e corajoso, rodado clandestinamente em Teerã, que denuncia o regime iraniano e suas prisões arbitrarias.