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Qualquer acordo entre EUA e Irã deve incluir inspeções "robustas" da AIEA, diz Grossi

28/05/2025 11h16

Por Francois Murphy

VIENA (Reuters) - Qualquer acordo entre o Irã e os Estados Unidos que imponha novas restrições nucleares ao Irã deve incluir inspeções "muito robustas" pelo órgão de vigilância nuclear da ONU, disse o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, nesta quarta-feira.

Os dois países estão mantendo conversações destinadas a controlar as atividades nucleares iranianas que se aceleraram rapidamente desde que o presidente Donald Trump retirou Washington de um acordo de 2015 entre o Irã e as principais potências que limitava estritamente essas atividades.

Com o desmantelamento do acordo, o Irã aumentou o grau de pureza do enriquecimento de urânio para até 60%, próximo aos cerca de 90% do grau de armas nucleares, em comparação aos 3,67% previstos no acordo. Também eliminou a supervisão extra da AIEA imposta pelo pacto de 2015.

"Minha impressão é que, se você tiver esse tipo de acordo, uma inspeção sólida e muito robusta da AIEA (...) deve ser um pré-requisito, e tenho certeza de que será, porque isso implicaria um compromisso muito, muito sério por parte do Irã, que deve ser verificado", disse Grossi aos repórteres.

No entanto, ele não chegou a dizer que o Irã deveria retomar a implementação do Protocolo Adicional, um acordo entre a AIEA e os Estados membros que amplia o alcance da supervisão da AIEA para incluir inspeções instantâneas de locais não declarados. O Irã o implementou no acordo de 2015, até a saída dos EUA em 2018.

Perguntado se ele queria dizer que o protocolo deveria ser aplicado, Grossi disse: "Sou muito prático", acrescentando que esse não era um assunto em pauta nas negociações. Embora a AIEA não faça parte das negociações, ele afirmou que estava em contato com ambos os lados, incluindo o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff.

Embora as conversações pareçam estar em um ime, com os EUA dizendo repetidamente que o Irã não deveria ter permissão para refinar urânio e Teerã dizendo que essa é uma linha vermelha, já que o enriquecimento é seu direito inalienável, Grossi disse que essa diferença não é impossível de ser superada.

"Acho que sempre há uma maneira", declarou ele. "Não é impossível conciliar os dois pontos de vista."

(Reportagem de Francois Murphy)

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