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Conservador Luis Montenegro é reeleito primeiro-ministro de Portugal

29/05/2025 06h02

Luis Montenegro, líder do partido de centro-direita Aliança Democrática, vencedor das eleições legislativas de 18 de maio, foi reeleito primeiro-ministro de Portugal nesta quinta-feira (29).

O primeiro-ministro terá que negociar com o partido de extrema direita Chega, agora a principal força de oposição do país.

"Atentos os resultados das eleições para a Assembleia da República, ouvidos os Partidos Políticos nela representados" e "assegurada a viabilização parlamentar do novo Executivo, o Presidente da República indigitou [indicou] hoje o Dr. Luís Montenegro como Primeiro-Ministro do XXV Governo Constitucional", anunciou a página web da Presidência portuguesa, cargo ocupado por Marcelo Rebelo de Sousa.

O Chega se tornou oficialmente a segunda maior força política de Portugal, ao superar o Partido Socialista nas eleições legislativas antecipadas de 18 de maio, graças aos votos do exterior, segundo os resultados definitivos publicados na quarta-feira.

O partido liderado por André Ventura havia empatado em 58 cadeiras com os socialistas na apuração provisória, mas venceu em duas das quatro circunscrições no exterior, cujos resultados ainda não haviam sido publicados.

Com o resultado definitivo, o Chega obteve 22,76% dos votos e 60 cadeiras no Parlamento nas legislativas vencidas pela Aliança Democrática (AD, centro-direita) de Montenegro. 

Esta aliança venceu nas outras duas circunscrições do exterior, chegando a 91 deputados de um total de 230, muito longe dos 116 necessários para formar um governo.

"É uma grande vitória", disse o fundador e líder do Chega, André Ventura. "Marca uma mudança profunda no sistema político português", celebrou. 

Com os resultados já publicados, Montenegro tentará formar um governo em minoria. O primeiro-ministro garantiu que não vai cooperar com o Chega, embora Ventura o tenha instado a "romper" com os socialistas.

"Portugal se move em linha com a tendência europeia" rumo a "um voto de protesto e um sentimento contra o estabelecido", avaliou Paula Espírito Santo, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.

- "Missão divina" -

O apoio à legenda de extrema direita tem aumentado a cada eleição desde que o partido foi fundado, em 2019, por este ex-seminarista, que se tornou comentarista de futebol na televisão.

Naquele ano, o Chega recebeu 1,3% dos votos nas eleições gerais, conquistando a primeira cadeira no Parlamento para um partido de extrema direita em Portugal desde a Revolução dos Cravos, que acabou, em 1974, com décadas de ditadura de direita.

Nas eleições gerais seguintes, em 2022, o Chega virou a terceira força parlamentar. E no ano ado, quadruplicou o número de cadeiras no Parlamento, com 50, consolidando seu lugar no cenário político português.

A legenda propõe políticas como aplicar a castração química a pedófilos, limitar o o dos recém-chegados aos benefícios do Estado de bem-estar e impor controles mais rigorosos à migração. 

Ventura compareceu à cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro, e recebeu o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele fala em recuperar o respeito em relação à polícia e protestou nas ruas com o Movimento Zero, um grupo de policiais insatisfeitos com supostos vínculos extremistas, que exigem salários e condições de trabalho melhores.

"Na política é necessário ser diferente. Eu queria ser diferente", disse uma vez Ventura, que assegura estar cumprindo uma "missão divina".

- "Mudança fundamental" -

Após a divulgação dos resultados preliminares na semana ada, o líder do Chega declarou que o partido superaria o Partido Socialista.

"Nada será igual outra vez", gritou para seus seguidores, que cantavam "Portugal é nosso e sempre será".

A analista Paula Espírito Santo considerou o resultado "uma mudança fundamental". 

"Não podemos dizer que o Chega perderá espaço nos próximos anos... Parece mais que o Chega está aqui para ficar por algum tempo", afirmou.

Embora alguns de seus eleitores certamente "apoiem as soluções radicais e contra as elites" do partido, outros podem ter votado no Chega "pela erosão dos partidos tradicionais".

O futuro do Partido Socialista, que governou o país até abril do ano ado, é "imprevisível", afirmou a analista.

Seu líder, Pedro Nuno Santos, um economista de 48 anos, anunciou que deixaria o comando do partido após a publicação dos resultados iniciais.

Durante o governo socialista anterior, Portugal virou um dos países da Europa mais abertos aos migrantes. Entre 2017 e 2024, o número de residentes estrangeiros quadruplicou e agora eles representam 15% do total da população. 

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© Agence -Presse

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