Indústria de máquinas e equipamentos cresce 9% em abril, diz Abimaq
SÃO PAULO (Reuters) - A receita da indústria de máquinas e equipamentos registrou um crescimento de 9% em abril em comparação com o mesmo mês do ano ado, para R$24,6 bilhões, de acordo com dados da associação do setor, Abimaq, divulgados nesta quinta-feira.
Na comparação com março, a receita total do setor em abril subiu 2,5% -- ou 4,8%, com ajuste sazonal.
Considerando apenas as vendas internas, o faturamento da indústria totalizou R$18,6 bilhões no mês ado, avanço de 14,7% ano a ano e de 2,8% ante março deste ano.
"Com este resultado, no período de janeiro a abril, o setor manteve desempenho positivo (13,4% acima do mesmo período de 2024), favorecido pela base de comparação mais fraca, mas também pelo desempenho favorável dos setores menos sensíveis ao aperto da política monetária" disse a Abimaq em apresentação.
O setor, contudo, pode ver uma desaceleração do crescimento no segundo semestre, disse a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella.
"(No ano ado), a gente teve um processo de recuperação, principalmente na receita, mais intenso no segundo semestre. Então, a gente vai ar a comparar os números desse ano com aqueles números que estavam mais positivos naquela ocasião."
Zanella também citou como entraves, para além do patamar elevado da Selic, o recente aumento de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado pelo governo.
"É uma política de contenção muito agressiva. Imaginamos que isso vá impactar negativamente os resultados dos investimentos ao longo do segundo semestre", disse a diretora a jornalistas.
As exportações de máquinas e equipamentos em abril recuaram 12,9% ante a mesma etapa de 2024, para US$1 bilhão, enquanto as importações tiveram alta de 8,5% na mesma comparação, para US$2,6 bilhões, de acordo com os dados da entidade.
O consumo aparente de máquinas, que leva em conta equipamentos produzidos no país e importados, foi 16,3% maior em abril em relação ao mesmo mês do ano ado, e 0,9% acima do registrado em março -- ou 10%, feitos os ajustes sazonais.
RENOVAÇÃO DE ALÍQUOTAS NO SETOR SIDERÚRGICO
A Abimaq também comentou sobre a decisão do governo de renovar por 12 meses o sistema de alíquotas sobre a entrada de produtos de aço no país, além da inclusão de mais quatro itens que vinham sendo usados para contornar a tarifa de 25%.
"A gente contestou a alegação do lado das siderúrgicas que solicitaram essa proteção. Eles falam em defesa comercial, mas não é defesa comercial, é uma proteção", disse o presidente-executivo da entidade, José Velloso.
A indústria siderúrgica pleiteou a implementação do sistema de cotas para conter um grande fluxo de importações, originadas principalmente da China, mas vinha criticando o esquema desde pouco depois de sua criação, alegando ineficácia da medida.
O setor defendia que o esquema fosse renovado com a inclusão de todos os produtos siderúrgicos na tarifa de 25%.
"Se fosse uma defesa comercial, teria que aumentar a alíquota do aço vindo da China, como aumentou a alíquota de aço vindo de qualquer procedência do mundo, inclusive dos Estados Unidos, que têm o aço mais caro do que aqui, isso é protecionismo", acrescentou Velloso.
Dos produtos (NCMs) contemplados na medida, oito impactam o setor nacional de máquinas e equipamentos, segundo o executivo.
"No ano ado, o setor siderúrgico reou o aumento da alíquota para os preços. A gente espera que não haja mais aumento de preços do aço em função desse protecionismo."
(Reportagem de Patricia Vilas Boas)