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Panetta, do BCE, alerta que perdas de criptomoedas podem prejudicar confiança nos bancos

30/05/2025 08h05

Por Valentina Za

ROMA (Reuters) - O membro do Banco Central Europeu e presidente do Banco da Itália, Fabio Panetta, pediu nesta sexta-feira um monitoramento rigoroso dos riscos de reputação que os bancos enfrentam ao fornecer serviços de criptoativos, alertando que as perdas podem prejudicar a confiança dos clientes.

Ao apresentar o relatório anual do Banco da Itália, Panetta alertou sobre os vínculos crescentes entre o mundo dos criptoativos e o sistema financeiro tradicional, apontando para o número cada vez maior de acordos entre bancos e provedores de ativos digitais.

"Os detentores de criptoativos podem não compreender totalmente sua natureza e confundi-los com produtos bancários tradicionais, com repercussões potencialmente negativas para a confiança no sistema de crédito, caso ocorram perdas", disse Panetta.

Em janeiro, o maior banco da Itália, Intesa Sanpaolo, realizou o que o presidente-executivo Carlo Messina descreveu como "um teste", comprando 1 milhão de euros em bitcoins, a maior moeda digital do mundo.

O Intesa montou uma mesa de operações própria para ativos digitais em 2023 e, no ano ado, começou a lidar com negociações à vista com criptoativos.

O espanhol Santander está avaliando uma expansão de ativos digitais, incluindo planos em estágio inicial para oferecer uma stablecoin, bem como o a criptomoedas para clientes de varejo de seu banco digital, informou a Bloomberg na quinta-feira.

Panetta disse que as stablecoins, que são projetadas para manter um valor estável em relação a moedas ou ativos, representam uma ameaça aos meios tradicionais de pagamentos se grandes plataformas de tecnologia com sede no exterior decidirem promover seu uso.

"Na ausência de uma regulamentação apropriada, sua adequação como meio de pagamento é duvidosa, para dizer o mínimo", disse ele.

Panetta advertiu, no entanto, que seria tolice pensar que a disseminação de criptoativos, incluindo stablecoins, pode ser contida simplesmente pela imposição de restrições.

"O que é necessário é uma resposta que corresponda à transformação tecnológica em curso", disse ele, acrescentando que "o projeto do euro digital decorre precisamente dessa necessidade".

O Banco Central Europeu está trabalhando para desenvolver uma moeda digital para competir com alternativas privadas que correm o risco de minar o papel do dinheiro do banco central.

(Reportagem de Valentina Za)

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