Stalking e roubo: os crimes da mulher condenada por perseguir médico em MG

Kawara Welch Ramos de Medeiros foi condenada a 10 anos de prisão pelos crimes de stalking, roubo e desobediência de decisão judicial, ao continuar perseguindo médico no Triângulo Mineiro.
O que aconteceu
Justiça condenou a mulher a 10 anos, 7 meses e 2 dias de reclusão em prisão domiciliar. A artista plástica ou anos perseguindo o médico em Ituiutaba, chegando a enviar 1.300 mensagens e fazer 500 ligações para a vítima em apenas um dia.
Kawara foi julgada por crimes de perseguição contra o médico, a esposa dele e o filho do casal. Ela também vai responder por desobedecer à decisão judicial de medidas protetivas, pelo roubo das chaves de um carro e do celular da esposa do profissional com uso de violência. Os nomes das vítimas não foram divulgados.
A maior pena foi pelo crime de roubo, com 6 anos e 8 meses de condenação. Sua avó, Dalva Ramos, que também foi julgada pela participação, foi condenada ao mesmo tempo de reclusão pelo roubo dos pertences.
Perseguição ocorreu entre 2020 e 2023, aponta decisão. Kawara utilizava recursos tecnológicos para vigiar o médico, a companheira dele e o filho do casal. Ela chegou a fazer montagens da esposa do profissional com outros homens. Após o caso, a esposa do médico desenvolveu síndrome do pânico e insônia, segundo o documento.
Kawara foi condenada por três crimes diferentes:
- Stalking: o crime é qualificado pela perseguição repetida a outra pessoa de forma obsessiva, com intenção de ameaçar, constranger ou invadir a privacidade. A pena definida foi de 3 anos e 10 meses, considerando o crime cometido contra o médico, a esposa e o filho do casal.
- Roubo: Kawara roubou as chaves do carro e o celular da esposa do médico com uso de violência. A pena aplicada para o crime foi de 6 anos e 8 meses;
- Desobediência: Ela foi condenada por descumprir as medidas cautelares que a obrigavam a manter distância do médico e da família dele. Pelo crime, a artista foi condenada a mais 16 dias de prisão.
Apesar da condenação, a justiça decidiu manter a prisão domiciliar de Kawara. O juiz André Luiz Oliveira entendeu que não houve nenhum fato novo que justificasse a mudança de regime da condenada, que foi presa em maio de 2024 e ficou detida até este mês. Dalva respondeu a todo o processo em liberdade.
Justiça determinou que Kawara e sua avó indenizem o médico e a família no valor de R$ 33.500,00 por danos morais e materiais. O UOL procurou o advogado do médico, Hudson de Freitas, mas ele afirmou que não vai se manifestar em virtude de o processo estar em segredo de justiça.
A reportagem entrou em contato com a defesa das condenadas e aguarda retorno. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
Kawara fez mais de 500 ligações em um dia e enviou 1.300 mensagens
Kawara ligou para o médico mais de 500 vezes em um dia. Jovem alegou que tinha um relacionamento com o homem, que sempre negou o envolvimento amoroso.
Além das ligações, foram enviadas 1.300 mensagens para ele. A jovem também cadastrou mais de 2.000 mil números de telefone após ser bloqueada continuamente pelo médico. A artista plástica enviava e-mails, perseguia o médico na rua, ia até o local de trabalho da vítima e até na casa dele, em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
Artista plástica fez ameaças contra a família do médico. O filho dele, que na época tinha 8 anos, também foi procurado pela jovem. No ano ado, a defesa do médico informou que a artista foi atendida pelo profissional em 2018, em Ituiutaba, e a partir de então ou a procurá-lo em todos os plantões médicos.
Kawara foi presa três vezes. A primeira vez foi em 2021 devido à perseguição e opressão contra o profissional. Em janeiro de 2023, a artista agrediu a mulher do médico, que foi arrancada do carro em frente a clínica do marido, e teve o celular e chave do carro roubados, e foi presa em flagrante, mas foi solta após pagar fiança de R$ 3.600. Ela deveria cumprir medidas cautelares - o que não fez.
Em março de 2023, foi decretada a prisão por descumprimento das medidas cautelares. Ela ficou foragida até ser presa no dia 8 de maio de 2024 em uma universidade de Uberlândia, onde estudava nutrição