Universidade suspende novamente youtuber por 60 dias: 'Condutas ilegais'

A UnB (Universidade de Brasília) suspendeu novamente, por mais 60 dias, o youtuber Wilker Leão. O influenciador, que é estudante de história da instituição, interrompe aulas, grava professores e alunos e os expõe nas redes sociais.
O que aconteceu
Youtuber está suspenso de todas as disciplinas em que se encontra matriculado. O o dele às dependências da Universidade de Brasília também está proibido, segundo despacho assinado pela reitora da instituição, Rozana Reigota Naves, na quinta-feira.
Despacho aponta que youtuber faz gravações em sala de aula sem autorização e prejudica o andamento das disciplinas e dos alunos. A reitora também cita o histórico de conduta de Wilker e que ele já responde a outro processo disciplinar na instituição pela conduta. Ela acrescentou que há risco iminente e concreto de novas violações dos direitos de estudantes, professores e outros, se o aluno retornar às aulas.
A decisão destaca que o despacho anterior de suspensão do youtuber acabou no último dia 24. Naves relembrou que mesmo após o afastamento, o discente manteve condutas "hostis e provocativas", inclusive convocando manifestações que provocaram transtornos às atividades universitárias. Ela também citou que essas situações estão evidentes em vídeos publicados nas redes sociais.
Dessa forma, verifica-se que as reiteradas condutas ilegais do discente continuam a expor a comunidade universitária a riscos inaceitáveis. Ademais, conforme relatado no requerimento ora apresentado, eventual retorno do discente inviabilizaria o regular andamento da disciplina, gerando sérios abalos psicológicos em docentes e discentes.
Despacho assinado pela reitora da UnB
Leão tem o prazo de dez dias para apresentar defesa escrita. O UOL procurou o youtuber para pedido de posicionamento. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
Entenda o caso
Em março, a UnB suspendeu Leão por 60 dias. A universidade disse ter adotado "medida cautelar de suspensão temporária", com "fundamento nos princípios da legalidade, da proteção da comunidade acadêmica e do regular andamento processual".
À época, Wilker Leão disse que estava impedido de frequentar qualquer dependência da faculdade, o que não procedia. A universidade confirmou o UOL que o aluno estava suspenso somente de frequentar as aulas.
Youtuber já havia sido suspenso por 60 dias em dezembro de 2024. Na época, ele foi impedido de frequentar as aulas de História da África e História do Brasil. A reitoria entendeu que as atitudes do youtuber causaram prejuízo à comunidade acadêmica, depois que aulas das disciplinas chegaram a ser paralisadas.
Em novembro de 2024, UOL mostrou que Leão gravou aulas do curso e publicou em suas redes sociais alegando "doutrinação de esquerda". Nas imagens, é possível ver professores e colegas expostos, enquanto o youtuber —que diz ser perseguido— os satiriza.
Colegas e professores relatam que os vídeos do youtuber são editados e as falas são distorcidas. Uma professora da UnB chegou a registrar boletim de ocorrência por difamação. A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) estabelece que o tratamento e divulgação de imagem só pode ocorrer com consentimento livre, informado e inequívoco do titular.
O youtuber narra, sem apresentar provas, que as universidades públicas do Brasil impõem uma "doutrinação de esquerda", incluindo a UnB. O aluno interrompe as aulas para fazer comentários sobre direitos humanos, racismo, gênero e demais temas. Ele nega que exista racismo na estrutura da sociedade brasileira. Temas como violência de gênero e policial também são relativizados pelo influenciador.