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Dólar segue exterior e cai ante real após novas ameaças de Trump

02/06/2025 17h09

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As preocupações sobre a política comercial dos Estados Unidos, após o presidente norte-americano Donald Trump fazer novas ameaças tarifárias, foram o gatilho para a queda do dólar ao redor do mundo nesta segunda-feira, inclusive no Brasil.

O dólar à vista fechou em baixa de 0,81%, aos R$5,6740. No ano, a divisa dos EUA acumula perdas de 8,17% ante o real.

Às 17h06 na B3 o dólar para julho -- o mais líquido atualmente no Brasil -- cedia 1,02%, aos R$5,7095.

Na sexta-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que planeja aumentar as tarifas sobre aço e alumínio importados de 25% para 50%, elevando a pressão sobre os produtores globais de aço.

Também na sexta-feira, Trump acusou a China de violar um acordo entre os dois países para reduzir mutuamente as tarifas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais.

Os ataques de Trump seguiram reverberando nos mercados nesta sexta-feira, com os investidores globais se desfazendo de dólares e de Treasuries, em meio às incertezas sobre a política comercial dos EUA.

No Brasil, a moeda norte-americana oscilou em baixa ante o real durante toda a sessão.

“Vi o real se valorizando neste primeiro pregão do mês muito em linha com uma queda global do dólar. Acho que houve aí um movimento um pouco coordenado do mercado, de realocação de posições”, comentou durante a tarde o diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo.

Segundo ele, a queda do dólar no Brasil nesta segunda-feira só não foi maior por conta das incertezas fiscais. “O governo dizer que a alta do IOF é a única maneira de fechar as contas foi muito ruim. E, sobre isso, novamente pegou mal para o mercado a desarticulação política do governo com o Congresso”, acrescentou.

Desde 22 de maio, quando o Ministério da Fazenda anunciou elevações de várias alíquotas de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para cumprir a meta fiscal do ano, os ativos brasileiros vêm sendo pressionados, ainda que o governo tenha voltado atrás em algumas medidas. O Congresso, por sua vez, tem criticado as medidas relacionadas ao IOF.

Na manhã desta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que espera solucionar nesta semana a questão das mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) combinadas com medidas estruturais que busquem equacionar a questão fiscal.

Segundo Haddad, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mostraram disposição em discutir medidas fiscais estruturais, e não apenas soluções paliativas para as contas públicas.

Influenciado pelo exterior e pelas articulações em Brasília, o dólar à vista oscilou entre a cotação mínima de R$5,6669 (-0,94%), às 10h25, e a máxima de R$5,7109 (-0,17%), às 13h01. Ao longo da tarde a moeda voltou a aprofundar as perdas ante o real, com o fator externo se sobressaindo.

“A retomada do discurso protecionista por parte do governo norte-americano, com ameaças de elevação de tarifas sobre aço e alumínio, reflete uma sessão marcada pela aversão ao risco dos investidores direcionada principalmente aos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e à fraqueza do dólar”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito.

“A valorização do petróleo, diante das incertezas geopolíticas entre Rússia e Ucrânia, também contribui para o fluxo positivo em direção a mercados emergentes, especialmente o real”, acrescentou.

No exterior, às 17h21 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,70%, a 98,661.

Pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025.

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