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Julgamento pela morte de Maradona é anulado após dois meses de debates e 40 depoimentos

29/05/2025 11h26

A Justiça argentina anulou, nesta quinta-feira (29), o julgamento de sete acusados de homicídio do astro do futebol Diego Maradona, que deverá ser reiniciado em um novo tribunal após o impedimento de uma das juízas por participar de um documentário não autorizado sobre o processo.

A decisão anula o conteúdo de 20 audiências realizadas desde 11 de março, nas quais mais de 40 testemunhas depam, provas foram apresentadas e as três filhas de Maradona testemunharam.

O novo julgamento pela morte do jogador em novembro de 2020 ainda não tem data de início, já que depende da designação de um novo tribunal, que será feita por sorteio. 

"Ouvidas todas as partes, é anunciada a decisão do tribunal, que é a nulidade do julgamento", disse o magistrado Maximiliano Savarino no tribunal de San Isidro, perto de Buenos Aires, onde o processo era julgado. 

A anulação havia sido pedida pela Promotoria, pelos denunciantes e pela maioria dos advogados de defesa, depois que veio à tona que a juíza Julieta Makintach, um dos três magistrados que formavam o tribunal, estava participando da filmagem de uma série documental sobre o caso, sem autorização das partes.

Para Vadim Mischanchuk, defensor da psiquiatra Agustina Cosachov, ré no caso, "não havia outra opção além da nulidade do julgamento", segundo disse à AFP no final da audiência.

"Não há prazos estabelecidos" para reiniciar o processo, afirmou à AFP Félix Linfante, advogado de uma das filhas do ídolo. "Antes do fim do ano poderíamos estar começando o julgamento e esse é meu desejo", acrescentou.

Sua cliente, Jana Maradona, disse aos jornalistas em frente ao tribunal: "Não estou tranquila. Tenho raiva, eu os odeio".

Por sua vez, Fernando Burlando, representante das outras duas filhas de Maradona, Dalma e Gianinna, indicou à mídia que nesta sexta já deverá ser sorteado o novo tribunal e, se não houver atrasos, o julgamento poderá recomeçar "a partir de agosto". 

"Agosto, setembro, outubro, novembro está terminado, vamos estar com sentença", estimou o advogado.

- Documentário "Justiça divina" -

A juíza Makintach se afastou do caso na terça-feira, após um escândalo provocado por sua participação na série documental, que continha cenas na sala de audiências, onde não estava permitido aos jornalistas registrar os eventos com câmeras.

As imagens e os roteiros da série, obtidos após a realização de buscas, foram exibidos em uma audiência na terça-feira e a juíza, que antes negava seu envolvimento, renunciou imediatamente.

Um trailer do documentário, que se intitulava "Justiça divina", vazou. As imagens mostravam Makintach chegando à sala do tribunal.

Antes do escândalo explodir, o julgamento se desenrolava com duas audiências por semana e a previsão era de que se estenderia até julho.

"A única pessoa responsável por tudo isso é a juíza afastada", destacou Savarino.

"Houve uma pessoa que errou e pagou, mas não é a Justiça, a Justiça não se mancha", disse por sua vez a juíza Verónica Di Tomasso, outra integrante do tribunal, parafraseando a célebre frase de Maradona "a bola não se mancha".

As filhas do astro estavam presentes na sala. A ex-esposa, Verónica Ojeda, declarou a repórteres: "Se eu tiver que depor mais mil vezes, vou depor".

A Suprema Corte da província de Buenos Aires suspendeu a juíza após o escândalo e o caso foi encaminhado a uma comissão de Disciplina do Poder Judiciário.

Diego Maradona, de 60 anos, morreu de um edema pulmonar durante uma internação domiciliar após uma operação na cabeça a que havia sido submetido semanas antes por um hematoma.

Sete profissionais de saúde estão acusados de homicídio com dolo eventual por sua morte e podem receber penas de oito a 25 anos de prisão.

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© Agence -Presse

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