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Azul espera sair da recuperação judicial até início de 2026

30/05/2025 13h08

Por Alberto Alerigi

SÃO PAULO (Reuters) - A Azul espera sair do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos entre o final deste ano e início de 2026 e vem apurando demanda de múltiplas partes interessadas na reestruturação da empresa, incluindo de novos investidores, afirmou o vice-presidente institucional da companhia aérea, Fabio Campos, nesta sexta-feira.

"Estamos entrando (na recuperação judicial) com o apoio dos principais envolvidos, e com isso a expectativa é concluir toda a parte judicial até o final do ano e sair do processo por completo no começo do ano que vem", disse o executivo em entrevista a jornalistas.

Campos, que afirmou que até antes da pandemia, em 2020, a Azul era considerada a companhia aérea mais rentável do mundo, disse sem dar detalhes que a Azul está recebendo demanda de grupos interessados em fazer parte do processo de reestruturação financeira e que isso tem dado confiança na agilidade do processo de reestruturação. Segundo ele, os grupos envolvem desde fornecedores, a parceiros comerciais e investidores.

O prazo previsto para a saída da Azul da recuperação judicial é semelhante ao da rival Gol, que fez o pedido de proteção judicial no início do ano ado, também nos Estados Unidos, e deve deixar o processo até o final do mês que vem.

Na véspera, a Azul teve sua primeira audiência no processo de recuperação na Justiça dos EUA e, segundo Campos, não houve qualquer rejeição aos cerca de 20 pedidos feitos pela empresa, seja do tribunal, seja dos credores.

O executivo garantiu que as operações da companhia seguem normalmente, que a empresa irá honrar todas as agens compradas e acrescentou que na segunda-feira a Azul vai anunciar rotas internacionais partindo de Campinas (SP) para o Porto, em Portugal, e para Madri, na Espanha.

As ações da Azul exibiam queda de mais de 2% às 13h08, enquanto o Ibovespa mostrava recuo de 1%. A empresa pediu recuperação judicial nos EUA na quarta-feira, quando o papel chegou a desabar 12,15%, antes de fechar em baixa de 3,7%.

O plano inicial da Azul envolve um empréstimo de cerca de US$1,6 bilhão na chamada modalidade "DIP", que será desembolsado em três fases, com uma primeira, de US$250 milhões indo para o caixa da empresa na quinta-feira, disse Campos.

A companhia, que vinha negociando uma fusão com Gol antes de recorrer à Justiça dos EUA para se reestruturar, está agora "100% focada" em sua recuperação, disse Campos, que evitou responder diretamente se os planos para a união das duas empresas foram cancelados.

"O MOU segue existente, mas no momento a empresa está focada na reestruturação", disse Campos, citando que o memorando de entendimentos assinado em janeiro com a Gol não tem prazo.

O foco na reestruturação envolve em parte a revisão da frota de aeronaves da empresa. Campos disse que a Azul está discutindo com os arrendadores a devolução de aeronaves E1 da Embraer e também de cargueiros 737, da Boeing, e negou relatos da imprensa de que a frota da empresa será reduzida em 35%.

"Estamos atualizando (o plano de frota) diante do novo cenário da empresa. Isso não quer dizer redução de 35% na frota", disse o executivo, mencionando que "muitos dos aviões incluídos são aeronaves que já não estavam voando, dado o problema da cadeia de suprimentos mundial, ou estão paradas por falta de motores ou de peças".

O executivo afirmou que a Azul seguirá com a estratégia de ser cliente de múltiplos fabricantes de aeronaves, uma posição diferente da Gol, por exemplo, que tem a frota centrada apenas em aviões da Boeing.

Segundo ele, a Azul vai buscar otimizar sua frota no processo de recuperação com o "avião certo para a rota certa", uma tática que vem desenvolvendo desde a criação da empresa em 2008. "Os parceiros acreditam que o modelo é forte e relevante", disse Campos.

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