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Em visita à França, Lula busca reforçar relações bilaterais e discutirá situação em Gaza e na Ucrânia

30/05/2025 16h06

Em visita de Estado à França na semana que vem, o presidente Lula terá bastante tempo para tratar da extensa agenda a debater com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron. Além de um balanço da relação bilateral, os dois líderes devem se debruçar sobre a geopolítica internacional. Os Estados Unidos devem estar no topo da pauta, que também incluirá os conflitos em Gaza e na Ucrânia.

Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro

Ainda não se sabe se, além dos 20 acordos e declarações que estão em discussão pelos dois governos e podem ser assinados durante a visita, haverá algum documento que trate especificamente dos conflitos e da regulação das big techs, temas de interesse das duas nações.

A viagem de Lula, que deve durar uma semana, se divide em duas partes e a por três cidades, além da capital: Toulon, Nice e Lyon. A longa viagem espelha, em boa medida, a visita de Estado feita por Macron em março do ano ado, que reinaugurou a relação entre os dois países após esfriamento durante o governo de Jair Bolsonaro.

Na primeira parte, acontece a visita de Estado propriamente dita. Esta é a primeira em 13 anos. A última ocorreu em 2012, quando a ex-presidente Dilma Rousseff foi recebida por seu então homólogo François Hollande. Esta é ainda a segunda visita de Estado de Lula ao país.

A primeira aconteceu em 2006, quando o presidente francês era Jacques Chirac. Na pauta da visita estão a relação bilateral e a agenda internacional, com destaque para reformas da governança global, multilateralismo, combate ao extremismo e preparativos para a COP30.

A parte bilateral deve ocorrer entre 5 e 6 de junho, em Paris e Toulon. Lula participará de cerimônia oficial nos Invalides e no Palácio do Eliseu, sede do governo da França, onde terá reunião com Macron, seguida da de atos e declarações, antes de participar de jantar de Estado oferecido pelo francês.

Visita ao Grand Palais

Os dois presidentes vão visitar exposição no Grand Palais, um dos marcos das comemorações do Brasil na França, e a mostra Horizontes, com trabalhos de jovens artistas plásticos brasileiros.

Lula receberá homenagem e será ouvido em sessão solene na Academia sa, deferência rara e significativa, concedida a apenas outros 19 chefes de Estado em seus 400 anos de história. Para o Brasil, o anterior foi dom Pedro II, em 1872.

Há ainda a possibilidade de encontro com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Ele também deve se reunir com representantes da comunidade brasileira. Ainda em Paris, Lula receberá o título de doutor honoris causa da Universidade Paris VIII.

No eixo econômico da visita, o presidente participa do Fórum Econômico Brasil-França, criado em 2005, e de cerimônia de certificação da zona livre de febre aftosa pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), sediada na capital sa. A certificação foi oficialmente conferida ao país nesta quinta-feira (29) e deve abrir as portas de novos mercados às exportações de carnes brasileiras.

Agenda inclui visita a base naval em Toulon

Em 6 de junho, o presidente vai para Toulon com Macron, onde realizam visita à base naval da Marinha sa. O Brasil tem seu maior programa internacional de defesa com a França. Os dois estiveram juntos em 2024, em Itaguaí. Na noite do mesmo dia, os líderes seguem para o Forte de Bregançon, no sul do país, onde haverá jantar reservado e arão o fim de semana.

Trata-se de deferência especial, pois o forte hospeda presidentes ses durante o verão. O convite foi feito a poucas autoridades em visita à França. Desde o início do mandato, em 2017, Macron só convidou três líderes. A última convidada foi Angela Merkel, em 2020.

Entre os cerca de 20 acordos e declarações em negociação, há temas que vão da área de clima a uma nova declaração sobre mudança climática, considerando o engajamento dos países no tema e a necessidade de maior participação internacional nos resultados da COP30, além de um corredor marítimo descarbonizado com a França.

Há ainda cooperação entre universidades dos dois países e em saúde, a partir de novas ações entre Fiocruz e Instituto Pasteur envolvendo vacinas.

Na segunda parte da visita, Lula fala na 3ª Conferência sobre Oceanos, que acontecerá na cidade de Nice. Este é um eixo importante da viagem para o Brasil, que sedia a COP30 na floresta amazônica, em novembro, em Belém. A possibilidade de do acordo Mercosul-União Europeia no final deste ano, como deseja Lula, também deve estar na agenda.

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