Inflação está quase sob controle nos EUA, mas alta é prevista devido a tarifas
A inflação dos Estados Unidos se aproximou em abril do objetivo do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, segundo dados oficiais publicados nesta sexta-feira (30), embora especialistas prevejam um aumento dos preços devido às tarifas do presidente Donald Trump.
Os preços subiram 2,1% em um ano em abril (frente a 2,3% em março e 2,6% em fevereiro), de acordo com o Índice de Preços de Gastos de Consumo Pessoal (PCE), a métrica preferida pelo Fed para decidir sua política monetária.
Analistas esperavam uma redução um pouco menor da inflação, a 2,2%, de acordo com o consenso publicado pela MarketWatch.
Essa moderação do PCE se explica principalmente pela queda dos preços da energia. A inflação subjacente, que exclui os preços voláteis dos alimentos e energia, também se moderou, a 2,5%.
O resultado aproxima claramente a inflação do objetivo de longo prazo do Fed, que é de 2%, e mostra o caminho percorrido desde os 7% alcançados na primavera boreal de 2022 pelo boom econômico pós-pandemia.
"O presidente Trump está derrotando a crise inflacionária de [seu antecessor Joe] Biden e tornando os Estados Unidos íveis novamente!", celebrou no X a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Ele "continua demonstrando que os 'especialistas' apocalípticos estão errados com seu programa econômico de Estados Unidos Primeiro, que já está dando resultados para o povo americano", afirmou em outra mensagem.
- "Atrasos" -
O presidente do Fed, Jerome Powell, "e o resto do comitê de política monetária mereceriam aplausos por terem conseguido este pouso suave", declarou à AFP Gregory Daco, economista-chefe da consultoria EY.
"Infelizmente, devido a elementos que eles não controlam, veremos uma aceleração inflacionária", acrescentou.
O elemento perturbador é, segundo ele, a "tempestade tarifária" desencadeada pela ofensiva protecionista do presidente americano.
Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, Trump ergueu um muro de novas tarifas sobre os produtos que ingressam nos Estados Unidos. Em abril, aplicou impostos de 10% à maioria dos países, e outros significativamente mais altos a dezenas de parceiros comerciais.
Ainda que em parte revertidas no âmbito das negociações comerciais iniciadas com diferentes países, as tarifas sobre as importações continuam sendo muito mais altas do que eram há alguns meses.
Especialistas esperam um impacto nos preços uma vez que os varejistas liquidem seus estoques constituídos antes da entrada em vigor dessas tarifas.
Os números publicados nesta sexta-feira são mais contrastantes no detalhe.
Na variação mensal, o índice PCE retomou um ritmo ascendente (+0,1% em relação a março), impulsionado por um aumento no preço dos bens duráveis (+0,5%).
O setor automotivo, um dos primeiros afetados pela cruzada tarifária de Trump, entra nesta categoria, assim como o de móveis e eletrodomésticos, amplamente importados.
"Há atrasos" antes que as novas tarifas sejam cobradas e se reflitam nos preços de venda, opinou Daco, para quem esses impostos adicionais se materializarão mais nos dados de inflação "nos próximos meses".
- Consumo sob a lupa -
Carl Weinberg, economista da firma HFE, destacou o aumento da renda (+0,8% em um mês), mas advertiu que "isto não impulsionará o crescimento se as pessoas não gastarem esse dinheiro" e preferirem poupar por medo de uma piora da situação econômica.
O consumo cresceu, mas a um ritmo mais baixo em abril do que em março (+0,2% depois de +0,7%).
A confiança dos consumidores deixou de deteriorar-se em maio, de acordo com a pesquisa da Universidade de Michigan, atualizada nesta sexta-feira.
"Em geral, os consumidores não veem as perspectivas econômicas com um olhar mais pessimista" que em abril, afirmou a diretora desta pesquisa, Joanne Hsu, citada em um comunicado.
"No entanto, eles ainda estão bastante preocupados com o futuro", acrescentou.
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