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Satélite e IA: como embarcação que levaria drogas à Europa foi achada no PA

FAB combate tráfico internacional com tecnologia de IA, aeronaves e satélites - Divulgação/FAB
FAB combate tráfico internacional com tecnologia de IA, aeronaves e satélites Imagem: Divulgação/FAB
do UOL

Colaboração para o UOL*

03/06/2025 05h30

A PF (Polícia Federal) encontrou no último sábado, no Pará, um "submarino do tráfico" que seria usado para levar cocaína à Europa.

O que aconteceu

A localização foi possível graças a sensores especiais da FAB (Força Aérea Brasileira). Foram usadas aeronaves R-99, imagens de satélite e inteligência artificial para rastrear a embarcação, descoberta na Ilha de Marajó (PA) durante uma operação da PF.

Trata-se de uma embarcação artesanal que navega quase totalmente submersa. Chamados de semissubmersíveis, esses barcos são construídos manualmente, muitas vezes em áreas isoladas da floresta, com estrutura que dificulta a detecção por radares e satélites.

Apenas uma pequena parte fica visível acima da água, suficiente para ventilação e navegação. Com capacidade para carregar grandes cargas de cocaína, já foram usados por organizações criminosas em travessias pelo Caribe, Pacífico e, mais recentemente, até o Atlântico rumo à Europa.

A embarcação seria usada no envio de cocaína para a Europa, segundo as investigações. As primeiras pistas surgiram após movimentações fluviais incomuns serem detectadas por plataformas aeroespaciais. As aeronaves identificaram estruturas navais camufladas entre galpões ribeirinhos e padrões logísticos atípicos nos rios da região.

A descoberta no Pará foi impulsionada por uma interceptação semelhante em Portugal. Em março deste ano, autoridades europeias apreenderam uma embarcação artesanal do mesmo tipo no Atlântico, o que reforçou a necessidade de integração entre FAB, Marinha e Polícia Federal. Desde então, as forças aram a monitorar imagens e dados de forma conjunta, o que levou à localização inédita do submarino no Brasil.

O cruzamento de dados ou a ser feito em tempo real pelas forças de segurança. O monitoramento revelou que as embarcações estavam sendo fabricadas na região Norte do Brasil, com rotas fluviais clandestinas para envio transatlântico da droga.

O uso de inteligência artificial ajudou a antecipar a estratégia dos criminosos. Para a FAB, o isolamento geográfico da Ilha de Marajó aumenta as vulnerabilidades logísticas da região —o que exige resposta ágil e tecnológica por parte do Estado.

A atuação da FAB em ações como essa está prevista na legislação brasileira. Segundo a Lei Complementar nº 136/2010, artigo 16-A, as Forças Armadas têm atribuição subsidiária para combater crimes em fronteiras terrestres, áreas marítimas e águas interiores, em articulação com outros órgãos do Executivo.

Prisão em Portugal

A investigação teve início após a prisão de cinco homens em Portugal, em março deste ano. Três dos detidos eram brasileiros, e a embarcação transportava quase sete toneladas de cocaína em alto-mar. Segundo a polícia portuguesa, o carregamento seria transferido para outras embarcações ao longo da rota até a Europa.

A operação no Pará contou com colaboração internacional. Houve intercâmbio de informações com a Polícia Nacional da Espanha, a Polícia Judiciária de Portugal e a DEA, agência antidrogas dos Estados Unidos, que integram o monitoramento do tráfico transatlântico.

A PF destacou que esta foi sua primeira apreensão direta de um semissubmersível. "A Polícia Federal está atenta a essa evolução nas estratégias criminosas e seguirá atuando de forma incisiva, com aprofundamento das investigações para identificar e responsabilizar todos os envolvidos na fabricação, logística e financiamento desse tipo de operação ilícita", informou a corporação.

Em 2024, uma embarcação semelhante foi encontrada no município paraense de São Caetano de Odivelas. O equipamento foi avistado por pescadores e entregue às forças estaduais, reforçando a suspeita de que o Norte do Brasil abriga polos de construção desse tipo de embarcação.

* Com informações de Estadão Conteúdo

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