TSMC diz que tarifas dos EUA têm algum impacto, mas demanda por IA segue robusta
Por Wen-Yee Lee
HSINCHU, Taiwan (Reuters) - A TSMC disse nesta terça-feira que as tarifas dos Estados Unidos estão tendo algum impacto sobre a empresa taiuanesa e haviam sido discutidas com Washington, mas a demanda por inteligência artificial permanece forte e continua superando a oferta.
A política comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, tem criado muita incerteza para o setor global de chips e para a TSMC, a principal produtora dos semicondutores mais avançados do mundo, cujos clientes incluem a Apple e a Nvidia.
O presidente-executivo C.C. Wei, falando na reunião anual de acionistas da TSMC na cidade de Hsinchu, no norte de Taiwan, disse que a empresa não observou nenhuma mudança no comportamento dos clientes devido à incerteza tarifária e que a situação pode se tornar mais clara nos próximos meses.
"As tarifas têm algum impacto sobre a TSMC, mas não diretamente. Isso se deve ao fato de que as tarifas são impostas aos importadores, não aos exportadores. A TSMC é uma exportadora. Entretanto, as tarifas podem levar a preços ligeiramente mais altos e, quando os preços sobem, a demanda pode cair", disse ele.
"Se a demanda cair, os negócios da TSMC poderão ser afetados. Mas posso garantir que a demanda por IA sempre foi muito forte e está superando a oferta de forma consistente."
Em abril, a empresa, que é a maior fabricante de chips do mundo, apresentou uma perspectiva de alta para o ano com base na demanda robusta por aplicativos de IA.
Wei disse que a TSMC está conversando com o Departamento de Comércio dos EUA sobre tarifas, expressando preocupação desde o início de que as taxas possam aumentar os custos de produção no país onde está investindo US$165 bilhões para construir novas fábricas, já que alguns equipamentos comprados são feitos na Ásia.
"O Departamento de Comércio dos EUA disse que isso está aberto para discussão, mas ainda não está claro quanto tempo isso levará", acrescentou. "A questão real é que estamos em comunicação ativa, porque somente por meio da compreensão eles poderão perceber as consequências."
Wei disse que havia dito a Trump que o investimento extra de US$100 bilhões, que ele anunciou ao lado do presidente em março, será difícil de ser concluído em cinco anos.
"Ele disse: 'Sr. Wei, faça o seu melhor, isso é bom o suficiente.'"
Questionado sobre os relatos da imprensa de que a empresa está pensando em construir fábricas de chips nos Emirados Árabes Unidos, Wei disse que a TSMC não tem planos para nenhuma dessas fábricas no Oriente Médio porque é "pouco provável" que eles tenham clientes na região.
A TSMC também enfrenta um risco político mais amplo à medida que a China aumenta a pressão militar sobre Taiwan, que é governada de forma democrática e independente, e que Pequim considera um território chinês "sagrado".
"Se acontecer algo que não queremos que aconteça, é uma questão para os governos, não para a TSMC sozinha", disse Wei, respondendo a uma pergunta sobre uma possível crise no Estreito de Taiwan.