Drone 'suicida' e mísseis: quais armas a Rússia usou para atacar a Ucrânia

A Rússia atacou duas grandes cidades ucranianas, a capital Kiev e a portuária Odessa, com drones e mísseis na manhã de ontem, matando pelo menos três pessoas e ferindo 13.
Quais armas foram usadas pelos russos
Drones Shahed-136*
Considerado um drone "kamikaze" ou "suicida", é projetado para se aproximar e colidir com um alvo, destruindo na explosão tanto os seus arredores quanto sua própria estrutura. Seu design já foi aperfeiçoado pelos russos para se tornar mais eficiente, dando origem ao Geran-2. Uma reportagem do jornal americano The Washington Post apontou que a versão russa pode se orientar de maneira mais eficaz graças a trocas nas unidades de controle de voo, sendo mais preciso no reconhecimento e ataque ao alvo.
Apesar de ter sido desenvolvido para alvos inertes, o Shahed-136 já foi identificado atingindo alvos em movimento no Golfo de Omã em 2023. O dado foi apresentado por um relatório britânico ao Conselho de Segurança da ONU, que apontou ainda um cartão SIM (como um chip de celular) encontrado nos restos do drone —indicando que ele poderia ter sido operado à distância para além de seu alcance.
- Criado por: Irã (adaptados pela Rússia como Geran-2)
- Primeiro uso: 2021
- Velocidade máxima: 180 km/h
- Alcance: 1000 km (carregado com ogiva)
- Peso máximo de ogiva: 40-50 kg
- Alvo: Inerte
- Envergadura: 3,5 m
- Comprimento: 2,5 m
- Quantidade disparada pela Rússia neste ataque: 315
Míssil balístico KN-23**
"Força bruta", este míssil balístico norte-coreano tem enormes semelhanças com o próximo item da lista, o russo Iskander-K, apesar de ser maior. Por isso, especialistas acreditam que tenha sido desenvolvido em parceria internacional. No entanto, ao contrário de mísseis do seu gênero movimentados em tanques ou caminhões por estradas, ele foi criado para se deslocar pela linha férrea em vagões adaptados, segundo a Reuters. A opção suplementa a capacidade de fogo do país mesmo em áreas onde o o por automóvel ou estrada pode ser mais complicado.
- Criado por: Coreia do Norte
- Primeiro uso: 2019
- Peso máximo ao lançamento: 3.415 kg
- Base: móvel
- Alcance: 690 km
- Peso máximo de ogiva: 500 kg
- Diâmetro: 0,95 m
- Comprimento: 7,5 m
- Quantidade disparada pela Rússia neste ataque: 2
Míssil balístico de curto alcance Iskander-K**
O Iskander é considerado um míssil de ogiva altamente explosiva, capaz de grande fragmentação. Ele também pode carregar ogivas nucleares, dependendo do planejamento estratégico da missão.
Míssil também tem precisão letal. O diretor-geral da fabricante High-Precision Systems (holding da estatal russa Rostec), Oleg Ryazantsev, afirmou à agência russa RIA Novosti em abril de 2024 que o Iskander tinha tido sua capacidade de identificar e atingir alvos melhorada desde o início da invasão russa da Ucrânia. Uma versão mais atual, o Iskander-M, também já é capaz de atingir velocidades hipersônicas de Mach 5 a 6 (mais de 2.000 m/s).
- Criado por: Rússia (como 9K720 Iskander)
- Primeiro uso: 2006
- Peso máximo ao lançamento: 3.800-4.020 kg
- Base: móvel
- Alcance: 400-500 km
- Peso máximo de ogiva: 480-700 kg
- Diâmetro: 0,92 m
- Comprimento: 7,3 m
- Quantidade disparada pela Rússia neste ataque: 5
Fonte: Institute for Science and International Security e Center for Strategic and International Studies.
Escalada dos ataques russos
O presidente da Ucrânia afirmou que 315 drones foram usados pela Rússia. Além disso, os ucranianos identificaram ainda o disparo de sete mísseis contra o país, segundo a Associated Press. Em Odessa, uma maternidade foi atingida.
O presidente Volodymyr Zelensky classificou este como um dos maiores ataques à capital desde o início da guerra, em 2022. Foi danificada a Catedral de Santa Sofia de Kiev, tida como um monumento identitário do país, o que representou uma clara escalada da ofensiva russa.
No entanto, perdas humanas e prejuízos poderiam ter sido ainda maiores. A Ucrânia afirmou que conseguiu abater 277 dos drones "kamikazes". Além disso, foram disparados mísseis de precisão letal pelos russos, informou o jornal local The Kyiv Independent.
Na última semana, a Rússia já lançou 1.451 drones e 78 mísseis contra a Ucrânia, segundo dados da Força Aérea Ucraniana. Os esforços seriam retaliações pela chamada Operação Teia de Aranha, conduzida pessoalmente por Zelensky, e que tirou de circulação bombardeiros e outras aeronaves estratégicas das forças russas.