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Moraes determina prisão de Cid, mas revoga, e tenente-coronel depõe na PF

O ministro do STF Alexandre de Moraes decretou hoje a prisão preventiva do tenente-coronel Mauro Cid, mas revogou a ordem logo em seguida. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de um mandado de busca e depôs à PF por cerca de duas horas e meia em Brasília.

O que aconteceu

Mauro Cid estava sendo conduzido para o batalhão do Exército para ser preso quando o mandado foi revogado. O UOL confirmou que o militar não chegou, efetivamente, a ser detido, mas que houve um mandado de prisão preventiva.

PF apura se Mauro Cid planejava fugir do Brasil. As investigações mostram que o ex-ministro Gilson Machado tentou emitir um aporte português para Cid, no consulado na capital pernambucana, em 12 de maio deste ano.

Machado, aliado de Bolsonaro, foi preso nesta manhã no Recife. Na última terça, ele disse ao UOL que ficou sabendo da investigação pela imprensa e que não foi a consulado nenhum.

Cid itiu que solicitou cidadania portuguesa em 2023, mas que não tinha conhecimento da iniciativa de Machado. Ao STF, a defesa de Cid disse que o pedido foi em 11 de janeiro de 2023 —logo depois dos atos golpistas de 8 de janeiro. Segundo o advogado Cezar Bittencourt, o pedido foi feito "única e exclusivamente" porque a esposa e filhas de Cid já têm a cidadania.

Família de Cid deixou o país. A operação de hoje acontece após a PF detectar que os pais, a esposa e uma das filhas do tenente-coronel foram para os Estados Unidos no dia 30 de maio. Segundo a defesa, eles foram visitar a filha mais velha do casal, que mora em Los Angeles, e não há nenhum impedimento judicial para a viagem deles. A filha mais nova ficou em Brasília com Cid.

PGR pediu as prisões de Cid e Machado após saber da viagem da família do tenente-coronel ao exterior. O Procurador-geral da República, Paulo Gonet, fez o pedido ao STF com base em informações fornecidas pela Polícia Federal ao longo da semana. A PF levantou a hipótese de que ele poderia procurar outras embaixadas e consulados para conseguir a emissão do aporte para Cid.

Novo depoimento na PF

Cid chegou à corporação às 10h56, acompanhado de seu advogado. Ele foi ouvido somente pelo delegado da PF Fabio Shor. O ministro Alexandre de Moraes não esteve presente.

Tenente-coronel não foi preso após ser ouvido. Ele terminou o depoimento por volta das 13h30. A defesa não falou com a imprensa.

Acordo de delação continua mantido. Cid precisa cumprir as medidas cautelares determinadas pelo Supremo, como utilizar tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais e fazer recolhimento domiciliar noturno. Os benefícios estão condicionados à colaboração de Cid, que precisa contar tudo o que sabe sempre que for requisitado pelas autoridades, sem mentir nem ocultar nada. Tudo o que Cid já apresentou às autoridades judiciais segue válido, assim como seus depoimentos anteriores.

Cid já foi preso outras duas vezes

A delação de Mauro Cid é central para a denúncia da PGR contra os acusados de tramarem um golpe de Estado. O ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid e mais seis aliados são acusados de cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Se condenados, as penas somadas para cada um podem chegar a 46 anos de prisão.

Cid foi interrogado pelo STF nesta semana, e pontos da delação e do depoimento são contestados pelos demais acusados. Bolsonaro, por exemplo, disse que não tratou de golpe, como delatou o tenente-coronel, e apenas discutiu "hipóteses previstas na Constituição" com os comandantes das Forças Armadas.

Ele já foi preso em 2023 e 2024. A primeira vez foi sob a acusação de ter fraudado o cartão de vacinação. Ele ficou preso por cinco meses, e foi solto cinco meses depois após fechar o acordo de delação premiada. A segunda foi por causa de áudios vazados de Cid, criticando o STF e a PF e dizendo que teria sido coagido em seus depoimentos. Depois de dois meses, ele foi solto e disse que as mensagens foram apenas "desabafos" e não correspondem à verdade.

*Colaboraram Mateus Coutinho e Natália Portinari, do UOL em Brasília.

Errata: este conteúdo foi atualizado
A primeira versão do texto informava incorretamente que Mauro Cid foi preso. Na verdade, o mandado de prisão contra ele foi revogado antes de ele chegar a ser detido. A informação, destacada na Homepage do UOL, foi corrigida.

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