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Paulo Miranda após suspensão: 'Muitos criticam, poucos te dão um abraço'

do UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

22/05/2025 05h30

Ex-São Paulo e Grêmio, o zagueiro Paulo Miranda está de volta ao futebol. No início deste mês, chegou ao fim a suspensão de 720 dias por causa do envolvimento do atleta em 2023 no esquema de manipulação para favorecer apostadores desmembrado pela "Operação Penalidade Máxima", do MP de Goiás.

Aos 36 anos e com 'lenha para queimar', como ele próprio diz, o atleta recebeu o UOL na sua casa, na cidade de Santana de Parnaíba, em São Paulo, e abriu o jogo sobre o afastamento e as consequências do ato há dois anos.

Apesar da idade já considerada avançada, desistir não é uma opção para Paulo Miranda. O motivo? Retribuir tudo que o futebol lhe deu e encerrar por cima. Durante o período, ele contratou um personal trainer, fazendo trabalhos diários em dois turnos para manter a forma física.

Realmente estou pronto. Foram tempos de preparação, de aprendizado. Hoje eu me sinto um cara preparado e esperando a oportunidade para voltar a fazer o que eu mais gosto. Tiveram alguns contatos (clubes), mas eu não poderia assumir uma palavra com os caras porque a punição não tinha acabado ainda. Então, agora que acabou, eu espero que a gente possa retomar essas conversas. O meu empresário está vendo isso para que o quanto antes eu possa voltar.
Paulo Miranda, ao UOL

Desde o começo, nesses 720 dias, na época eu com 34 anos, para muita gente minha a carreira já tinha acabado ali, mas eu sempre fui um cara muito dedicado e sempre fui profissional. Tinha certeza que poderia superar isso, foram momentos difíceis, mas tive apoio de familiares, da esposa, dos filhos, porque sabia que não poderia acabar daquela forma. Eu sei que 36 anos, para muita gente, já é um jogador experiente, mas tenho muita lenha pra queimar. E eu, em forma de agradecimento ao futebol, por tudo que o futebol me deu, pelo reconhecimento que tive através dele, botei na minha cabeça que não poderia ser dessa forma que eu tinha que parar de jogar futebol. Não foi fácil, tive que me reinventar.

Paulo Miranda revela que recebeu mensagens ofensivas nas suas redes sociais após o corrido. Ele cita uma falta de instrução de órgãos máximos do futebol sobre assédios envolvendo apostadores e o isolamento que recebeu até de pessoas próximas.

"Eu acho que se eu soubesse dessa repercussão toda, se eu soubesse o que poderia causar... Até porque eu nunca peguei um livro, vamos supor, da CBF, explicando o que não pode. Porque o meu foco foi sempre jogar futebol. Quando aconteceu tudo isso, se eu soubesse, sinceramente, não teria feito todas essas cagadas. Mas foi pago, sofrido. É lógico que quando surgem essas questões, a rapaziada vai nas redes sociais e acaba falando coisas que você não é, por um erro que você cometeu. No futebol, muitas das pessoas só criticam, mas poucos vêm ali e te dão um abraço".

O zagueiro fez última partida profissional no dia 13 de abril de 2023, quando entrou em campo pelo Náutico contra o Cruzeiro, pela 3ª fase da Copa do Brasil. Ao final de tudo isso, cita como aprendizado o erro cometido e deixa um conselho para os mais jovens sobre as 'facilidades' da vida.

"Foi um aprendizado muito grande na minha vida. Só tenho que falar para os mais jovens não achar que tudo que vem fácil é benefício, porque não é. Lógico que lá na frente vai ter uma consequência, mas o recado que eu deixo é que tenha perseverança, acredite nos seus sonhos, que você pode chegar lá".

"A meta para 2025 é voltar a jogar, pelo menos mais uns dois aninhos e está bom. Quero encerrar por cima pelo fato do futebol ter me proporcionado muitas alegrias, muitas conquistas, amizades, ter rodado o mundo, jogado contra jogadores que você via apenas pela televisão. Vou tirar um peso da consciência e encerrar por cima, se Deus quiser".

O melhor momento

Palmeiras, Bahia, Red Bull Salzburg, Grêmio, Juventude... Paulo Miranda rodou o futebol brasileiro e atuou também no exterior, mas cita um clube em especial: São Paulo.

Foram quase quatro temporadas pelo Tricolor do Morumbis, por onde conquistou o título da Sul-Americana de 2012. A sensação de entrar no estádio pela primeira vez ele não esquece.

"No Brasil eu tenho carinho muito grande por todos, mas eu acho que o carinho mais especial foi pelo São Paulo, até porque foi o primeiro título que eu ganhei, o da Sul-Americana. Lá aprendi muito, tive bastante visibilidade no começo da carreira. Joguei com grandes jogadores. O São Paulo é coisa grande, um clube extraordinário. Quando você entrava no Morumbi lotado era um sonho que você tem desde criança".

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