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General nega ao STF ter impedido prisão de golpistas no QG do Exército

O general Júlio Cesar de Arruda era comandante do Exército em 8 de janeiro de 2023 - Alan Santos/Presidência da República
O general Júlio Cesar de Arruda era comandante do Exército em 8 de janeiro de 2023 Imagem: Alan Santos/Presidência da República
do UOL

Do UOL, em Brasília

22/05/2025 09h58

O ex-comandante do Exército Júlio Cesar Arruda negou, em audiência nesta manhã, ter proibido a entrada da Polícia Militar do Distrito Federal no acampamento golpista em frente do Quartel General do Exército no 8 de Janeiro e afirmou que não se lembra de ter discutido com o comandante da PM.

O que aconteceu

Arruda depôs como testemunha de defesa de Mauro Cid na ação penal sobre a tentativa de golpe. Ele chefiou o Exército entre 30 de dezembro de 2022 e 21 de janeiro de 2023. Na audiência, ele foi questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre o motivo de ter negado o da Polícia Militar do DF ao acampamento em frente ao QG do Exército após os protestos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O general respondeu que a questão foi discutida em conjunto com os ministros do governo Lula.

Na ocasião, os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Múcio (Defesa) e Flávio Dino (Justiça) foram ao QG conversar com o comandante. A PM chegou ao local, mas não conseguiu deter os manifestantes. Em seu relato nesta manhã, Arruda disse que não impediu o o da polícia e que decidiu chamar as demais autoridades para coordenar a retirada dos manifestantes, o que não ocorreu naquela noite.

Ex-comandante do Exército também disse não se lembrar de embate com o comandante da PM. O próprio Alexandre de Moraes, ministro relator do caso, questionou Arruda sobre o diálogo que teria ocorrido entre os dois naquele dia, quando a polícia chegou ao QG. Em depoimento à PF, o ex-comandante da PM Fabio Augusto Vieira disse ter ouvido do general que "minha tropa é um pouco maior que a sua".

Questionado sobre essa frase, Arruda disse que "não se lembra". Ele também afirmou que sua função no dia era acalmar os ânimos e que estava no QG desde as 14h do dia 8 de janeiro acompanhando toda a situação junto com José Múcio e que foi buscada uma saída coordenada entre ele, o general Dutra, então chefe do Comando Militar do Planalto, e os três ministros de Lula.

Eu não neguei [a prisão de manifestantes]. Quando começou a acontecer aquilo tudo lá, por volta de 14h, fui para o QG ordenar as ações que teriam que ser feitas pelo Exército. E estava ali do meu lado, praticamente o tempo todo, o ministro José Mucio. Lá pela noite, quando parte dos manifestantes estava voltando para a área da Praça dos Cristais, o general Dutra me ligou e falou que 'a polícia tá vindo aqui atrás e eu tenho informação de que eles vão prender todo mundo'. Falei 'não, isso tem que ser coordenado, convoca lá o interventor e vamos coordenar isso ai'.

Ali estava um clima de nervosismo, o senhor sabe bem disso. Minha função era acalmar, e eu falei que isso aí tinha que ser feito de maneira coordenada. E foi feito, como eu disse, [com] o ministro Flavio Dino, o Rui Costa, o José Múcio, eu e o general Dutra.
Júlio Cesar Arruda, comandante do Exército na época do 8 de Janeiro

Supremo começou a ouvir testemunhas de defesa na ação penal sobre tentativa de golpe de Estado. Nesta manhã, foram ouvidas as testemunhas indicadas pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e delator, Mauro Cid. As testemunhas da acusação, chamadas pela PGR, já foram ouvidas nesta semana e confirmaram que o ex-presidente apresentou uma minuta golpista aos comandantes das três forças para tentar se manter no poder após a derrota para Lula em 2022.

Audiências são conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes. Relator da ação também convidou os outros ministros da Primeira Turma para acompanhar as sessões. Assim como os advogados e a PGR (Procuradoria-Geral da República), eles também podem fazer perguntas às testemunhas.

Medida é inusual no STF. Geralmente, em ações penais na Corte, essas audiências ficam sob responsabilidade dos juízes auxiliares dos ministros. Neste caso, o próprio Moraes optou por conduzir as audiências, e os demais ministros da Primeira Turma também estão acompanhando.

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