Dólar recua com novas ameaças tarifárias de Trump e tensões EUA-China
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista recuava ante o real nesta segunda-feira, devolvendo ganhos recentes, com os investidores reagindo às novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto aguardam comentários do chair do Federal Reserve e do presidente do Banco Central.
Às 9h39, o dólar à vista caía 0,6%, a R$5,6861 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,85%, a R$5,719 na venda.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,96%, a R$5,7205. Na semana, a divisa acumulou elevação de 1,30% e, no mês, avanço de 0,78%.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo uma fraqueza ampla da divisa norte-americana no exterior, acumulando perdas ante pares fortes, como o euro e o iene, e emergentes, como o peso mexicano e o peso chileno.
Os investidores pareciam estar novamente fugindo de ativos dos EUA, uma vez que o anúncio de Trump na sexta-feira de que pode dobrar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50% reacendiam os temores de que sua política tarifária pode levar a maior economia do mundo a uma recessão e acelerar a inflação.
As preocupações ainda eram fomentadas por nova escalada nas tensões entre EUA e China, depois que Trump acusou Pequim na sexta de descumprir um entendimento alcançado entre os dois países no mês ado para reduzir suas altas taxas de importação.
Nesta segunda-feira, o Ministério do Comércio da China disse que as acusações de Trump de que Pequim violou o consenso acordado nas negociações de Genebra são "infundadas" e prometeu tomar medidas enérgicas para proteger seus interesses.
Moedas emergentes no geral também eram favorecidas pela alta de mais de 4% nos preços do petróleo.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,57%, a 98,792.
Os agentes estarão atentos mais tarde a um discurso do chair do Fed, Jerome Powell, em uma conferência, às 14h (horário de Brasília).
Na cena doméstica, o mercado nacional segue de olho em novas notícias sobre o ime dos aumentos nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), enquanto governo e Congresso buscam uma solução conjunta para a questão.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse mais cedo que espera solucionar nesta semana as mudanças no IOF combinadas com medidas estruturais que busquem equacionar a questão fiscal do país.
Após o fechamento dos mercados, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, participará de debate sobre "Conjuntura Econômica Brasileira", promovido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), às 18h30.