Vale antecipa publicação de relatório financeiro com estratégias de descarbonização
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Vale publicará nesta segunda-feira seu primeiro relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, antecipando-se a regras que tornarão a divulgação anual do documento obrigatória a partir de 2027, disse o vice-presidente Executivo de Finanças e Relações com Investidores, Marcelo Bacci, à Reuters.
Com o movimento, a Vale afirma que será a primeira mineradora global e a primeira empresa brasileira a elaborar tal documento conforme as normas do International Sustainability Standards Board (ISSB). O relatório apresenta a estratégia da companhia para o enfrentamento das mudanças climáticas e detalha riscos e oportunidades relacionados ao tema.
O executivo adiantou à Reuters que o documento reportará investimentos de R$7,4 bilhões em iniciativas de descarbonização desde 2020 até o ano ado, sendo R$1,38 bilhão em 2024. Além disso, trará previsões para os próximos anos, segundo Bacci, que evitou entrar em detalhes.
Para o executivo, o fato de a Vale publicar antes mostra avanço sobre a transparência da companhia no tema, embora a empresa já esteja destacando tais números há alguns anos em suas divulgações.
"Um dos grandes saltos que a gente tem na adoção desse novo padrão do ISSB, para esse caderno de clima, é a gente poder trabalhar o mesmo impacto material que tipicamente é dado nas demonstrações financeiras, para a temática de mudanças climáticas", disse Bacci, em uma conversa por videoconferência com a Reuters.
Dentre as oportunidades de descarbonização identificadas pela Vale para os próximos anos, Bacci citou que a empresa planeja avançar em negociações comerciais e fechamento de contratos que visam a construção de complexos industriais ("mega hubs") com parceiros para a fabricação de produtos de minério de ferro de baixo carbono para a indústria siderúrgica.
A empresa já anunciou o desenvolvimento de projetos de "mega hubs" com parceiros no Oriente Médio, Estados Unidos e Brasil.
O chamado briquete de minério de ferro é uma das opções de descarbonização oferecidas pela Vale ao mercado, já que pode reduzir em até 10% as emissões no alto-forno --se usado na rota de redução direta, pode viabilizar a produção de um "aço verde", segundo a companhia.
Do lado de metais básicos, a Vale vê oportunidades para ampliar sua capacidade de produção de níquel e cobre, com o objetivo de atender a uma demanda crescente do mercado de baterias para a eletrificação.
Questionados se o relatório poderia prever uma estratégia de aquisições de ativos de metais básicos, Bacci respondeu que "nós estamos focados no desenvolvimento dos nossos próprios ativos existentes".
"O que a gente tem de diferente... (são) depósitos de cobre e de níquel, mas principalmente de cobre, que a gente pode desenvolver para a produção ao longo dos próximos anos para suprir essa necessidade de transição energética", afirmou.
"Principalmente aqui na área de Carajás, onde existem depósitos de cobre que não estão explorados ainda."
A empresa tem como metas reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de escopo 1 e 2 (diretas e indiretas) em 33% até 2030, com relação ao ano-base de 2017, e zerar as emissões líquidas até 2050. A Vale também busca reduzir em 15% as emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035.
(Por Marta Nogueira)